quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Guia Prático de Foda-se Parte II

Bom... long time depois do primeiro, decidi fazer a parte II. Então aí vem mais frases que você provavelmente nunca parou para pensar, mas alguém parou e elas fazem todo o sentido do mundo.

"A vida é uma droga. E você ainda reencarna."

"A pessoa que proferiu a asneira 'se fosse fácil, não tinha graça' nunca passou por uma situação difícil."

"Oferecer uma nova opção a um indeciso tornará ele ainda mais indeciso. Retirar todas as opções exceto uma o fará desistir de tudo."

"Se você é capaz de distinguir os bons conselhos dos ruins, você não precisa ser aconselhado."

"O amor não é cego. Ele é retardado."

"Soluções são criadas a partir de problemas. Problemas não tem uma origem definida."

"Qualquer solução pode virar um problema, mas a recíproca não é verdadeira."

"Problemas que se resolvem sozinhos costumam voltar sem essa tendência."

"Assim que tiver esgotado todas as suas possibilidades e confessado seu fracasso, haverá uma solução óbvia e simples, claramente visível para qualquer outro idiota."

"Nenhuma bola acerta um vaso que você odeia."

"Errar é humano. Perdoar... não faz parte da política da empresa."

"Todo problema, por mais simples que seja, pode ser tornado completamente insolúvel se for realizado o número adequado de reuniões para discutí-lo."

"Mulheres são como empréstimo bancário: na hora do aperto, é uma maravilha. Mas ninguém nunca se lembra dos juros." (Créditos a Lucas "Raychenko")

Quem gostar, espere até o III!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Paus

A confusão crescia em sua cabeça. O que ele queria já não era mais o que poderia ter, e o que poderia ter já não fazia mais nenhum sentido para ele. JoH sabia o que queria; ele, não.

Apenas sabia que nada tinha a oferecer ou a adicionar a ninguém. Estava esgotado, exausto, e iria sugar a vitalidade de qualquer pessoa que se oferecesse para ajudá-lo. Seu destino distorcido espiralava ao seu redor, e sua vida inteira parecia destinada à desordem. Mas aquele era SEU território: iria ganhar a batalha quando lutasse em sua própria arena.

Um Rei de Paus caiu de dentro do bolso da calça. Contemplou-o durante um tempo e enfrentou a realidade de sua situação: estava em terreno desconhecido. Era um estranho em uma terra estranha, um peregrino no deserto. Sua vida era um caos, puro caos. Somente o jogo e a bebida lhe traziam algum fiapo de recompensa: todo o resto era um vórtice que arrancava tudo de dentro dele. Um Buraco Negro de emoções que a tudo absorvia e desintegrava.

Estava sozinho.

Ele, JoH... e aquele Rei de Paus.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ouros

Voltou para casa sozinho, mas de consciência descarregada. JoH tirou a jaqueta e então mergulhou novamente na depressão. Acendeu um cigarro. Contemplou pela janela as paredes sujas e pichadas, o chão esburacado, a noite coberta de nuvens e o barulho tão tranquilizante de automóveis acelerando em sua cidade. Tudo menos o silêncio.

A degradação do ambiente ao seu redor refletia nele e em sua casa. Seus olhos já estavam envoltos pelas olheiras. Era questão de tempo até seus hábitos detestáveis destruírem seu corpo sadio, mas ele não se importava. Afinal de contas, não há benefícios em uma vida longa para alguém como ele: até quando ele conseguiria dividir o corpo com JoH?

Mas não era essa a questão. A questão era: o que ele queria reconquistar. Tudo envolvia um violento jogo de poker consigo mesmo: blefar e "go all in" ou então jogar cautelosamente. Era questão de tempo. Tudo questão de tempo.

Auto-estima, orgulho, respeito, coragem, ousadia. Tudo isso estava em jogo.

E era JoH quem dava as cartas, agora.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Espadas

O chão do quarto estava coalhado de garrafas vazias, uma tentativa inútil de fazer com que as vozes parassem de assombrá-lo.

Lentamente, pegou uma garrafa do chão. Estava completamente sóbrio e sabia disso, ainda que desaprovasse a ideia. Urrou e então arremessou-a contra a parede. As vozes continuaram. Sussurros, gritos. Sua cabeça projetava tudo que pudesse deixá-lo triste. Mas ele deixou sua raiva aflorar. Urrou mais algumas vezes, como um animal ferido. Desferiu socos e pontapés contra as paredes. Jogou outras garrafas. Tentou fazer com que as paredes fossem as culpadas e então descarregou sua ira nelas. Mas todas as tentativas eram vãs quando o objetivo era livrar-se de tudo aquilo.

Levantou-se e então caminhou em direção à porta. Pegou sua jaqueta no caminho e vestiu-a.

As vozes cessaram

Era ela o gatilho de suas personalidades múltiplas, e ele sabia disso. O eu magoado e rancoroso dava lugar ao auto-controle, à mente clara e funcional de sua segunda personalidade, que se autoproclamava JoH.

Era hora de as coisas voltarem a ser como eram antes.
Ele ansiava por isso, precisava disso.

E, finalmente, ele tinha conseguido.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Deixai, ó vós que entrais, toda a ESPERANÇA

Quando não se tem escolha, se toma o que se tem.

Como eu já disse, a vida pra mim é uma via de mão única. Eu lutei contra, eu neguei isso: minhas crenças foram ofuscadas porque eu não queria acreditar nelas. Não dessa vez. Nunca dessa vez.

E quando você vai contra o que você acredita, você quebra.

Não importa o quanto se lute. Quando algo que você acredita com todas as suas forças vira um obstáculo, a batalha está perdida. Você pode lutar contra os seus sentimentos, contra a razão, contra outras pessoas.

Mas uma batalha contra si mesmo é SEMPRE uma batalha perdida.

É nesses momentos, de extrema confusão, que você muda. É quando o que você deseja do fundo de seu cerne simplesmente não condiz mais com a realidade, que você entra em paradoxo. E paradoxos não são coisas legais, porque você torna-se obrigado a optar por uma coisa ou outra. Nesses momentos desesperados é que você se agarra naquilo que pode torná-lo parecido com o que você quer ser.

Chega de metáforas confusas.

Por muito tempo, eu lutei. Contra mim, contra os outros, contra quem viesse. Perdi, ganhei, empatei, estraçalhei, fui humilhado. Minha paz acabou há tempos, mas eu insisti em fingir que ainda a tinha. Fingi que aquilo que eu mais renego, a esperança, ainda existia.

Pois bem, eu estava errado.

Li naquela porta "Deixai toda a esperança, vós que entrais."

E com uma respiração profunda e uma piscadela de remorso, cruzei-a.

Minha esperança, o resquício que existia, ficou para trás.

Daqui para frente, eu só quero a realidade.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Wherever I may roam...

Não estava onde alguém pudesse encontrá-lo.

Não estava em nenhum lugar imaginável.

Somente quando um lapso de descontrole trouxe à tona todas as suas fraquezas, foi que se descobriu o que havia acontecido. Algo mudou, radicalmente, e ninguém tinha a menor noção disso. Alguém sumiu, mas não foi notado; alguém desapareceu, mas não aos olhos que sempre o viam. Não se sabe porque, ou como; se foi intencional ou não. O que se sabe é que, no fundo, algo aconteceu. Alguém sumiu e alguém mudou.

O Orgulho sumiu.

E, agora, é preciso encontrá-lo.