domingo, 11 de dezembro de 2011

Where has all the magic gone... lost behind or lost along?

As vezes eu me pergunto: "Que porra eu tô fazendo com a minha vida?".

Eu provavelmente não tenho tantos problemas quanto eu acho que tenho e certamente tenho mais do que gostaria de ter. Acontece que, por algum motivo, são tempos difíceis pra mim e eu não sei bem o motivo. A minha mente me prega peças como ela sempre fez e, no entanto, depois de anos de experiência, eu continuo caindo nelas como se fosse a primeira vez que isso acontece.

Quase tudo parece sem sal, sem motivo para ser feito. Ênfase no quase. É horrível, parece algumas vezes que eu simplesmente perdi a vontade de fazer as coisas. Quase tudo parece tedioso, tempo jogado fora que seria melhor utilizado em alguma outra coisa que eu também não sei o que é, porque praticamente nada vale a pena. Eu tô com um desempenho patético na faculdade, minhas relações familiares estão um caco... O que diabos eu tô fazendo da minha vida?

"Nada hoje em dia é como costumava ser do jeito que era divertido há um tempo atrás..."

É mais ou menos isso, na realidade. Eu desesperadamente procuro consolo nas poucas coisas que eu sei que eu ainda gosto e, mesmo assim, eu simplesmente não consigo fazê-las em alguns momentos. Eu tenho momentos bons que, quando acabam, me deixam com uma sensação de vazio... Eu sinto como se meus momentos bons fossem "as minhas poucas horas de sono" antes de eu acordar pra realidade e ver que tá praticamente tudo fodido até a inutilidade.

E o primeiro que me disser "a vida é feita de momentos" vai ser apedrejado até a morte com britas e grãos de areia.

"Stare at yourself, the power can be found..."

Pois é. Esse é o problemo. Eu "staro at" mim mesmo e não vejo poder nenhum. Eu vejo um vazio crescente que segura as coisas às quais eu me apeguei e joga elas longe. Eu estou completamente perdido em mim mesmo e, pela primeira vez em muito tempo, eu não tenho a menor ideia do caminho de volta.

Talvez, na realidade, isso seja consequência de como eu vivi a minha vida. Foi tudo muito calculado, planejado; eventualmente, no entanto, isso fode a porra toda. Improvisar é fora de questão; improviso que dá certo é um milagre e isso acontecer duas vezes é tão real quanto o dragão de estimação do Coelhisne Patagones. Outro dia eu explico a porra do coelhisne, mas o que importa é que planejamento demais dificulta a situação quando as coisas tendem a independer de planos e a foder tudo.

Eu não sei de porra nenhuma, na real.
Até escrever tá enchendo o meu saco.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

When the world's on your shoulders...

Se eu tivesse uma oportunidade única de dar um conselho para alguém com certeza absoluta de que essa pessoa ouviria, eu não diria coisas como "viva a vida ao máximo", porque isso pra mim não faz sentido. Eu também certamente não diria "acredite no amor", porque sentimentos não foram feitos para que confiemos cegamente neles. Diabos, eles sequer foram "feitos".

Meu conselho seria "lute contra quem você é, a todo o tempo, sem descanso".

E alguém viria e me diria "Rá!!! Tu fez inúmeras postagens dizendo para ser quem você é e agora diz isso?"

Sim.

O que acontece é que as mudanças que nos são necessárias não ocorrem quando "seguimos o fluxo" e aceitamos quem somos. Não, elas são o resultado de batalhas internas constantes e que duram todas as nossas vidas. E são elas que fazem nós quem somos, o tal "fluxo" que seguimos. Nós somos o resultado parcial de algo que nunca terá um resultado final: nunca paramos de mudar, por mais (des)agradável que isso seja... e, se você parou de mudar, você provavelmente não está lendo isso aqui.

Porque você morreu.

Então, lutar contra si mesmo é a forma que temos de evoluir. Funciona... muito bem. Por isso que esse seria meu conselho: confie na sua mente, desconfie de seus sentimentos. Porque eles mudam... rápido. Eles são trapaceiros... eles mudam e depois mudam de volta. Meu conselho, se pudesse ser mais elaborado, envolveria também esperar antes de tomar decisões. É uma regra: a qualidade de uma decisão é proporcional ao tempo que se demora para tomá-la. Essa proporção não é direta, no entanto... ela lembra uma curva normal.

Muito rápido: decisão idiota.
Tempo certo: a decisão que você tomou é, provavelmente, a que melhor condiz com seus desígnios no momento (o que, não necessariamente, evita que ela seja idiota... apenas diminui a chance de que ela seja, mas "Mali Principiis, Malus finis"... o que começa mal, termina mal...)
Demorou demais: você provavelmente não decidiu nada e agora não tem mais o que fazer.

Espero que eu tenha falado de forma compreensiva.
Agora tentem pensar sobre o assunto.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

He know changes aren't permanent... but changes!

Em vários momentos na nossa vida, nós questionamos algumas das coisas que acabamos criando. Situações, vínculos, valores... não interessa. Em um determinado momento, tu vais acabar questionando um ou mais... talvez até todos.

De certa forma, esse questionamento nos ajuda a aprimorar (ou avacalhar com) quem somos. Basicamente, pensar sobre quem somos e o que fazemos é alguma que costuma resultar em mudança. Eu era uma pessoa meio anti-mudanças, mas eventualmente isso mudou... o que é engraçado.

O grande problema que eu sempre vi, e ainda vejo, em mudar, é que você sempre sabe de onde está saindo, mas não pra onde está indo. Considerando que estamos tratando de PERSONALIDADE, é sempre ruim não saber como vai ser a próxima. Você espera que seja melhor, mas isso não é uma certeza.

Sim, a mudança é uma vadia de coração frio e com uma faca cravada nele.

Enfim, foda-se, não é pra isso que eu tô escrevendo.

O que mais me irrita nas mudanças é que elas, algumas vezes, tornam coisas das quais gostávamos um tanto quanto... complicadas. Quero dizer, quando eu entrei na fase intermediária da minha adolescência, eu parei de jogar Magic. Foi uma merda, eu adorava jogar... mas simplesmente não tinha mais aquela vontade forte que guiava minha vida. Sério, o joguinho era minha estrela-guia naqueles tempos de escuridão. Ainda bem que nenhum jogo guia minha vida agora...

... oops.

O ponto é: mudar faz a gente deixar de gostar das coisas que a gente gostava, algumas vezes, e isso é uma merda. Era esse o motivo pelo qual eu não gostava de mudar e é esse o motivo pelo qual eu ainda sou um pouco relutante em fazê-lo. Se minha personalidade é um barco, no mínimo eu quero saber onde vou parar... de preferência, antes de zarpar.

Mas não, ninguém se conhece bem o suficiente para saber os resultados de uma mudança.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O Tomo Desconhecido de Fúria: "Under the ice we will be free..."

E então, estavam todos os Eternos reunidos pela primeira vez em sei lá eu quanto tempo. Seria um momento emocionante... se nós gostássemos uns dos outros.

Orgulho estava no centro de todos, cercado por mim, por Revés, Mágoa e Conhecimento. Aquele círculo também marcava a confiança: de fora dele, não confiávamos em ninguém. Mas era necessário tê-los ao nosso lado, então Orgulho não tinha opção.

-Meus irmãos. Tenho noção de que muitos de vocês tentaram recusar essa invocação, pois sei que me odeiam ou me temem. Mas Revés é um grande mago e forçou-os a vir. E é porque tem algo que vocês precisam saber.-começou Orgulho.

-Eu matei o Matador de Gigantes. E esse é o martelo dele.-disse ele, erguendo a arma.

Inúmeras expressões. Pânico, admiração, desespero. Essas são apenas algumas delas, mas houve um consenso geral: surpresa.

-A morte do Matador de Gigantes serve como prova para o que eu direi a seguir. Existem algumas entidades que nós consideramos imortais, mas elas podem ser mortas. Anjos e demônios, esses nós sabemos que podemos matar. E, no entanto, eles nos trancaram aqui. E ficaram com ambos os mundos. O mundo espiritual é uma prisão perpétua na qual nós não tentamos fugir. E é isso que eu lhes proponho: vamos quebrar as correntes que nos prendem aqui.

Mais surpresa.

-Céu e Inferno não são os nossos inimigos. Não, talvez até pelo contrário: talvez eles nos ajudem. Nossa guerra será contra os Quatro Cavaleiros. Aqueles de vocês que querem lutar pela sua própria liberdade contra as criaturas que nos forçam a ficar nesse mundo, estejam aqui quando o primeiro raio do sol tocar o chão desse deserto. O resto de vocês...não me interessa.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

For I have mourned for so damn long... that I forgotten what it was for...

Exaustão.

Essa palavra normalmente é usada quando alguém está além do cansaço, normalmente em virtude de exercícios físicos intensos. Mas a mente também fica exausta, e eu ouso dizer que a sensação é bem pior.

Um corpo exausto sabe do que precisa: um banho para refrescar as ideias, comida para repor a energia gasta e um bom sono pra descansar a musculatura. Receita perfeita para um dia de esforço intenso. Mas e a mente? Do que precisa uma mente exausta.

Principalmente, em minha opinião, de paz. Descanso, a sensação de nada para pensar. Alguém pode me dizer "como tu tá exausto se tu não faz nada?".

Primeiro de tudo, é o oposto. Eu não faço nada porque estou exausto: estou exausto com a minha faculdade que não me satisfaz mais, estou exausto com tudo que me aconteceu esse ano... Eu simplesmente NÃO CONSIGO fazer mais nada. E, por isso, não faço.

Eu só quero que a tempestade vá embora. Que a sombra que fica em cima de mim vá embora... "embora eu, de uma forma perturbada, aprecie a minha desgraça... e, de uma estranha forma, eu cresci junto com a minha agonia". (Home in Despair - Sentenced)

Esses dias eu escrevi a seguinte frase: "Não importa o que te aconteça, bom ou ruim... sempre dá pra tirar uma lição dessa caralha." Essa frase é super batida, mas eu acho que tava faltando eu prestar atenção nela. É isso que me deixa tão exausto: eu passo por situações nas quais eu não aprendo nada, seja porque não quero ou porque não consigo prestar atenção. Então eu simplesmente sou soterrado pelo acontece, até que não sobre espaço pra eu respirar. E então eu forço meu caminho pelos destroços até chegar a superfície...

... e isso me deixa exausto.

domingo, 16 de outubro de 2011

Secrets of an Old Tale III: Bloodline

(Sem relação com o Tomo Desconhecido de Fúria... esse trecho se passa muito antes)

Confesso que senti muita dor quando todo aquele redemoinho de poder colidiu comigo. Eu já tinha lutado muito, mas nada se comparava àquela entidade. Malditas criaturas sobrenaturais, elas conseguiam avacalhar com todas as possíveis regras que alguém pudesse criar.

-Ah Orgulho... você me devia uma, não? Então agora pague!

Desgraçado. Eu vi uma lança cruzar o céu mais rápido do que a própria luz. E, logicamente, doeu como o inferno quando ela me acertou. Rolei no chão, agonizando, enquanto a maldita entidade parou ao meu lado.

-Isso ainda não está terminado, meu caro. Eu ainda vou ter sua cabeça. É bom você se preparar, Desgraça.

Ele riu.

-O que você pode fazer contra mim, Orgulho? Você está imerso em minhas ilusões... afogado em meu próprio poder. Que tipo de magia poderia retirá-lo disso?

Magia. Agora estava óbvio... Confesso que, por um momento, tive medo. Mas tinha alguém que estava pronto para me defender... e eu talvez tivesse esquecido disso.

-Você acha que nenhum poder me tiraria de suas garras?-perguntei, com uma nota de sarcasmo na voz. Tentei me levantar, mas sem sucesso -Poupe-me de sua arrogância, verme.

-Eu, arrogante? O que poderia livrá-lo de mim?

Uma tempestade de proporções míticas formou-se no céu. E então choveram os raios. Milhares deles, todos no mesmo ponto. Todos em meu adversário. Quanto azar, não?

Não. Não foi azar.

E ele desceu, então. As asas despenadas abertas, um velho estandarte para mim. Não importa o quão difíceis ficassem as coisas... quando aquelas asas apareciam, elas estavam resolvidas.

-Você está um bagaço, Orgulho. Eu deveria matá-lo pra manter a memória que eu tinha de você imaculada por este momento.

-Não fale isso, meu irmão. Não importa quanto eu sofra... eu sempre estou pronto para a próxima batalha.

Aqueles raios não foram guiados pelo azar.
Foram guiados pelo Revés.

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Uma homenagem ao meu irmão de sangue, do qual posso estar distante agora, mas cujas asas sempre serão, para mim, um sinal de que a luta ainda não acabou.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

All the losses, sacrifices, all the things we have missed...

Perda.

Eu talvez nunca tenha aprendido a lidar com perdas. Não somente perdas: derrotas. Eu não sou alguém que pode ser considerado um vencedor na vida, embora tenha lutado muito em alguns momentos. Nunca passei por dificuldades, pelo menos não quando podia fazer algo para mudá-las. Minha vida foi estável, pelo menos financeiramente.

Mas ainda, assim, perdas acontecem.

E perdas foram uma coisa que eu tive que me acostumar nos últimos anos. Perder oportunidades, amigos, companheiros... e, ultimamente, pessoas. É mais difícil do que parece quando você olha de fora do espectro.

A perda em si é horrível, algumas vezes traumatizante. Mas ela é definitiva, incontestável, irrevogável. Não existe caminho de volta: e isso talvez seja, de certa forma, um pouco tranquilizante. Porque quando a perda acontece, começa o luto... mas encerra-se a angústia.

A angústia é a pior parte de qualquer perda. Não é o momento derradeiro no qual tudo é arrancado de suas mãos: são os momentos anteriores, nos quais você é lentamente envenenado por uma realidade cruel que contrasta com os fiapos de esperança que ainda restam. E como todo veneno lento, o dano é a longo prazo: você sente-se como se estivesse definhando, uma dor lenta e crescente que engole você como uma jiboia. É doloroso, gradual...

Cruel.

A vida, na realidade, é a mais cruel de todas as piadas. Ela é o que é, com inúmeras explicações que estão sempre todas erradas, porque nós nunca vamos conseguir entender essa bagaça. E nela somos expostos a tudo quanto é tipo de desgraça que pode acontecer com alguém: até que, no fim, descobre-se que ela é uma piada de mal gosto. Não tem um motivo, uma razão ou uma justificativa. Ela foi contada, terminou, e você ainda não a entendeu. E a piada individual que é a vida de cada um vai sendo encerrada de forma brusca e dificilmente justificável, uma a uma... até que a sua própria piada se encerra.

E nem você e nem ninguém conseguiu entendê-la.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

It's all in the cards...

Eu não sei se todos aqueles que leem isso aqui sabem como funciona o poker, mas é mais ou menos assim:

Cada jogador paga uma taxa de entrada, antes mesmo de receber suas cartas (sendo que a aposta de um dos jogadores, o "small", paga somente metade e depois decide se paga o resto). A seguir, cada um recebe duas cartas e o primeiro da rodada tem direito a fazer uma aposta. Os outros jogadores podem cobrir o valor da aposta, aumentar ou simplesmente sair do jogo e deixar a taxa de entrada (chamada de "blind").

O momento a seguir, no qual são viradas três cartas na mesa, chama-se flop. As cartas da mesa serão usadas para formar as combinações que são a base do jogo. Após o flop, segue-se uma nova rodada de apostas.

A virada da quarta carta da mesa tem o nome de turn. Após o turn, segue-se uma nova rodada de apostas.

O momento derradeiro é o river, a virada da quinta e última carta. Segue-se uma rodada de apostas e então as mãos são reveladas e vê-se quem é o vencedor, que ganha todas as fichas apostadas. Para fazer suas combinações, o jogador usa as 5 cartas na combinação mais alta possível, mesmo que não use nenhuma da sua mão.

Entenderam? É basicamente isso, com muitas coisas omitidas por não serem relevantes.

Relevantes para que, exatamente? É o que eu estaria pensando se um boçal viesse e me dissesse, do nada, como funciona o poker.

Acontece que eu percebi que as nossas vidas são EXATAMENTE como uma partida de poker. Em um primeiro momento, antes de nos envolvermos com qualquer coisa, fazemos uma pequena "aposta": sutil, mas válida. É o preço de entrada para fazer parte de qualquer coisa. Aqueles que querem realmente entrar, continuam "investindo" na situação.

E então, você vê as cartas da sua mão e estima suas possibilidades. Pode ser um investimento de alto risco, ou não. Você decide se continua ou se vai embora baseado no que você conseguiu estimar e nas reações dos outros.

O jogo realmente começa no flop, que é quando a matemática começa a pesar. É a hora de estimar ainda mais as suas chances, pois é nesse momento que as apostas costumam aumentar. Novamente, prossiga por conta e risco. Alguns jogadores talvez desistam. Você pode confiar em si mesmo, desistir... ou blefar. Isso acontece em muitas situações, especialmente quando é uma ocasião que você não pode resolver sozinho.

Segue-se então o turn. A partida se acirra, as apostas normalmente aumentam. Se ninguém desistiu ainda, é provável que o primeiro desista agora. O turn é o funil: se as coisas não ajudaram até agora, a chance de elas o fazerem a partir daqui é pequena. É aquele momento em que você ainda pode contar com a sorte... mas talvez não deva.

A sorte para de agir a seu favor (ou contra você) no river. A hora da verdade está próxima: mas ainda existem algumas decisões a serem tomadas. Poucos jogadores ficam até o river, pois as apostas normalmente estão mais altas do que se vale a pena arriscar sem alguma coisa sólida. Dois, talvez três jogadores estão disputando nesse momento. É a conclusão de qualquer situação ou circunstância: nem todos que participaram seguem até o final... alguns se perdem no caminho.

E isso é o que acontece em qualquer situação da nossa vida. Um momento de apostas leves, seguido de um "double up or quit"... ou você dobra a aposta ou então larga o jogo. Algumas vezes largamos no meio e deixamos naquele caos todo muito mais do que queríamos, mas paciência: decidimos confiar nas nossas chances e depois nos arrependemos.

As regras são simples. As cartas já foram dadas.

Portanto, é bom saber que jogo estamos jogando.

sábado, 17 de setembro de 2011

A Long Road to Nowhere

Devo dizer que me impressionei com o rumo que as coisas tomaram na minha vida.

Ter que lutar contra os seus sonhos é uma batalha dificílima.

Mas o que sobra para você lutar por, quando até mesmo a esperança já foi embora?

Esses são tempos sombrios. Não só para mim; para muitos. Todas as frentes de batalha estão tomadas, e eu vejo que em alguns de nós, o desespero já criou raízes. E uma pergunta sempre ecoa na nossa mente quando estamos na tempestade:

"Como eu posso sair daqui?"

Confesso que, se eu soubesse a resposta dessa pergunta, ninguém ao meu redor estaria assim. Meus amigos e minha família são tudo que eu tenho para resolver os meus problemas, e eu jamais os deixaria em tal situação. Mas eu não sei, e essa falta de conhecimento me corroi. Eu preciso dessa resposta...

Não demonstre medo.
Não demonstre dor.

Aquela respiração profunda que precede as decisões difíceis está se tornando uma coisa cada vez mais comum. Aquela respirada breve, que ocorre quando estamos exaustos, também. Meu corpo dorme, mas minha mente trabalha. Ela me testa em meus sonhos: me coloca em situações dificílimas e me faz tentar sair delas. Eu sinto como se não dormisse há meses, e não é a sensação física. É o esgotamento mental característico das situações nas quais não importa o quanto você procure uma solução, ela simplesmente não pode ser encontrada. Coloque um número suficiente de variáveis em uma equação e ela se torna insolúvel.

Dadas infinitas tentativas, eu eventualmente escaparia do foco da tormenta.
Mas cada tentativa tem consequências, de forma que eu jamais teria direito a sequer "muitas", quanto mais "infinitas".

Porque que tem que ser tão difícil para nós vivermos as nossas vidas?

A vida nos chuta nos dentes e, ainda assim, alguma coisa faz com que voltemos querendo mais...

sábado, 10 de setembro de 2011

Do Tomo Desconhecido de Fúria - "Since there is time, since the beginning..."

Não vou me ater aos detalhes que fizeram de Orgulho o vitorioso. Basta apenas que eu diga que foi uma das batalhas mais impressionantes que já vi, e que, naquele momento, eu entendi porque Orgulho era tão temido.

A Lâmina Eterna dele trespassou o próprio corpo e eu senti minha essência sendo extirpada dele. Conforme fui me refazendo, fui notando o quanto eu estava errado sobre as motivações de Orgulho. Embora às vezes imprevisível, meu velho aliado nunca teria me deixado em tão sombria situação sem um plano de escape.

Ele então caminhou até o corpo de Thor e arrancou de suas mãos o martelo. Nesse exato instante, uma tenebrosa tempestade aproximou-se.

-É hora de voltarmos para Além do Véu. Rápido.-disse ele.

Sem dificuldade nenhuma, transpassamos a barreira que separa os dois mundos.

"Minha vitória significou muito, Fúria", disse Orgulho. "Significou mais do que o renome por ter derrotado Thor: significou desafiar entidades tidas como indestrutíveis. Significou mais do que o desejo de testar minhas capacidades: mostrou que nossos poderes são limitados por nossas ambições. Mas, acima de tudo, ela significou muito mais do que o fim da existência de um dos maiores nêmesis dos Eternos.

Significou que nós estamos à altura de nossos adversários."

-Adversários? O que você planeja, Orgulho?-perguntei.

-O Martelo de Thor tem um significado especial. Tê-lo me dá o poder de enfrentar Eternos poderosíssimos, de controlar quem vive e quem morre. Eu não quero esse poder, mas irei portá-lo enquanto ele estiver sob minha custódia. Mas ele também é a chave.

-Chave para que?

-Para, pela primeira vez desde o início dos nossos tempos, unir a TODOS os Eternos do mundo sob um único estandarte.

-Que estandarte, Orgulho??? O seu???

Nesse momento, Orgulho sorriu.

-Não, meu irmão. O da liberdade.


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Don Colecionáveis

Um assunto off-topic, mas que pode ser de grande interesse a todos os possíveis leitores desse blog.

Nesta mesma cidade (que, se é que existe alguém que não sabe, é Porto Alegre) surgiu, há alguns meses, uma loja especializada em artigos colecionáveis da cultura pop/geek. Essa loja, chamada Don Colecionáveis, apresenta uma temática relacionada a filmes e artigos de cultura geek em geral, comercializando algumas peças que não são facilmente encontradas e fazendo isso a preços bastante acessíveis. Eu, como um geek de carteirinha, resolvi colaborar com o que posso.

Então, para os interessados, o site encontra-se abaixo:


Gostaria que todos os meus (três... SIM, AGORA SÃO TRÊS \o/) leitores acessassem a página e, se possível, visitassem a loja física. O link também se encontra na seção Planos Exteriores, mas minha infinita incompetência impediu-me de colocá-lo destacado com seu logotipo. Sinto muito por isso, mas acho a tentativa válida de qualquer forma.

Grato,

The Dark Harlequin.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Do Tomo Desconhecido de Fúria - "Let the Hammer Fall..."

Tão logo Orgulho terminou de absorver-me, eu entendi o que havia acontecido.

O martelo de Thor é capaz de destruir um Eterno com apenas um golpe. Se aquele golpe tivesse me acertado, eu teria sido destruído. Orgulho, ao absorver-me, não apenas salvou minha existência como também tornou-se mais forte para enfrentar o Matador de Gigantes. E, por mais que, para mim, toda essa situação fosse impensável, Orgulho fora tocado pela Loucura. Sua mente era capaz de pensar em inúmeras coisas ao mesmo tempo.

E, portanto, ele foi capaz de prever esse acontecimento.

-Inesperado, Eterno. Por mais que eu despreze sua raça, a facilidade de vocês para trair uns aos outros ainda me surpreende.

-Alegre-se, Thor. Essa foi a última traição que você viu.-respondeu Orgulho.

O martelo voltou à mão de Thor. Ele e Orgulho se encararam e eu, como parte de Orgulho, pude sentir tanto medo quanto hesitação. A mão de Orgulho embainhou a Lâmina Eterna e sacou a Lança do Destino.

Thor, em resposta, assumiu a forma híbrida que é comum a todos os lobisomens.

"Orgulho... se você morrer... eu o mato de novo quando nós voltarmos..." disse a ele.

"Não se preocupe, meu velho amigo.

Eu não vou morrer." respondeu ele, com um tom de superioridade na voz.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Do Tomo Desconhecido de Fúria - "When you hear thunder's mighty roar..."

-Eu talvez não o tenha ouvido direito, Eterno. Devo eu acreditar que ameaçaste matar-me?

-Sim, Thor.-disse Orgulho.

Eu estava pasmo. Orgulho era... orgulhoso, talvez até arrogante. E louco. Mas isso era demais: desafiar o matador de gigantes não era uma loucura...

Era um suicídio.

E o pior: ele me trouxe. Se quer se matar, que o faça sozinho.

-Convoco um duelo, neste caso.-disse Thor.

-É justo.-respondeu Orgulho.

E foi tudo muito rápido. Thor arremessou seu martelo, enquanto Orgulho sacou sua Lâmina e desferiu um golpe.

Ambas as coisas em mim.

O golpe de Orgulho acertou-me primeiro. Senti minha essência ser sugada lentamente para dentro da Lâmina.

-O que...?- gaguejei.

-Você pode não entender agora, mas você me deve uma.-disse ele.

E então comecei a desaparecer. O martelo de Thor passou por mim. Sem o golpe de Orgulho, ele teria me acertado. Não importava.

Orgulho traiu-me.

E eu não tenho a menor ideia do porque.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

You will find a new allegiance, like a beacon in the night...

A noite é sombria, tanto no sentido literal quanto figurado.

Eu talvez esteja enfrentando a batalha mais difícil de minha vida, e o faço em uma noite escura, solitária e fria.

O que faz de nós quem realmente somos? Somos aquilo que grita em nossos corações, um grito agoniado e forte, que nos leva adiante quando nada mais parece estar próximo nessa escuridão cretina? Ou somos a chamada racional de nossas mentes perturbadas, exaustas, incapazes sequer de reagir aos mais simplórios estímulos da lógica?
A verdade, talvez, esteja distante na escuridão, onde luz nenhuma alcança, seja ela da razão ou da emoção. Seria essa verdade adiante, incapaz de ser descoberta, um metamorfo imprevisível ao qual chamamos de destino? A música: é ela composta pela melodia e pelos timbres... ou será ela uma forma quase matemática, a soma dos compassos e dos tempos?

Será a vida uma música? Será ela uma orquestra animada ou um réquiem funesto? A vida tem, tal como a música, seus crescendos e diminuendos, por certo. Mas a música tem um quê a mais, também. O andamento pode dizer muito sobre uma música: sua intenção, seu significado. Será a vida uma triste balada? Ou uma alegre orquestra? A vida faz como a música? Teria ela uma “intro” onde poderíamos perceber o que acontecerá conosco? Ou será que a vida se comporta como um relâmpago, cuja trajetória é imprevisível até que seja vista?

Muitas perguntas. Muitos medos.

E então eu contemplo a mim mesmo, nesse recanto que consegui formar. Me refugio nestas palavras, ao som de uma música que pra mim tem um significado muito intenso. O frio da noite, que assola os menos afortunados, é bloqueado por um cobertor. O computador no meu colo torna-se uma extensão de minha mente, transformando em palavras o que para mim são emoções incompreensíveis. Não consigo lembrar-me do que já escrevi até agora, mas as palavras vem a mim como se precisassem tanto de mim quanto eu preciso delas. Como se implorassem a mim que desse uso a elas, desse-lhes uma razão para existir. O que seria de nós mesmos se nós não fôssemos capazes de escolher uma razão para existirmos? Uma batalha para lutarmos? Se não tivéssemos, em nossas vidas, coisas pelas quais morreríamos?

É nessa melodia de sons e silêncio, que me encontro. O silêncio que seria próprio da noite é cortado pelo ruído de ônibus e carros que passam na rua. Vozes vindas de outros quartos trazem a humanidade de volta ao meu mundo quase selvagem. No entanto, mesmo com a música, há momentos de silêncio: momentos em que eu simplesmente ignoro as vozes, a música, os ruídos vindos da rua. O gosto de cigarro em minha boca lembra-me que minha maior fraqueza são as coisas às quais eu me entrego. Seria isso o discurso clássico do viciado... ou a voz ressoante de um homem em busca de si mesmo?

domingo, 7 de agosto de 2011

Despair-ridden Hearts

Todas as pontes, em chamas!
Enquanto avante e avante andamos
A fumaça sobe alto e mais alto
Em direção ao céu que sempre escurece

Tão rápido tudo girou
E o mundo caiu
E agora é tudo uma ruína caótica...

Misteriosa safira ardente
O anúncio da perdição que se aproxima
Brilhando terrível e violenta (violenta)
É a sempre assombrosa lua

Tão rapidamente tudo rodopiou
E o mundo acabou
Agora é tudo uma ruína caótica

Nós chegamos tão longe
Nós chegamos tão longe
Tão profundamente feridos e marcados
Nossos corações atormentados pelo desespero
Frágeis como somos, frágeis como somos
Firmemente unidos permaneceremos até o mundo acabar

Nós chegamos tão longe
Nós chegamos tão longe
Tão profundamente feridos e marcados
Nossos corações atormentados pelo desespero
Frágeis como somos, frágeis como somos
Firmemente unidos permaneceremos
Firmemente unidos permaneceremos
Firmemente unidos permaneceremos
Até o mundo acabar...

Em homenagem a todos aqueles que eu sei que estarão comigo até o mundo acabar...
"Sabe, a grande diferença entre viver e estar vivo, é que quando você vive, você faz as coisas que acha que deve e lamenta as que quis fazer e não pode. Quando você está simplesmente 'continuando vivo', você faz tudo pensando no que virá depois e não aproveita o momento fantástico chamado 'presente'."

sábado, 6 de agosto de 2011

Do Tomo Desconhecido de Fúria - "You've been... thunderstruck!"

Olhei para Orgulho, com um misto de terror e admiração.

-O Matador de Gigantes.-disse para ele.

-Sim. Ele mesmo.- Orgulho me respondeu sorrindo.

Nada fazia sentido. Porque diabos Orgulho iria querer enfrentar alguém cujo nome inspira mais terror do que o nome dele próprio entre aqueles de nossa espécie? É incompreensível. O matador de gigantes tem esse nome não porque matava "gigantes" propriamente, mas porque matava criaturas de poder gigante.

Nós.

Orgulho andou pelo mundo dos mortais, etéreo. Ninguém conseguia sentir sua presença, exceto talvez pelos mortais mais sensíveis, por quem um frio corria pela espinha quando sentia a presença do Eterno. Andei junto, mas nada confiante. O Matador de Gigantes sabia que estávamos aqui, e não estava feliz com isso.

E então Orgulho parou.

-Eu o sinto.-disse ele. Alçou asas e voou para cima de um prédio, comigo em sua esteira.

Um homem enorme estava encostado na beirada do tal prédio. A chuva caía em seu corpo, mas ele não dava sinal de estar incomodado.

Não por aquilo.

-Vocês.- disse ele, com uma voz retumbante.-Vocês não deveriam estar aqui. Saiam agora ou eu irei matá-los, como fiz com inúmeros de vocês.

-Acalme-se, meu caro. Tal como você, eu também matei inúmeros de minha espécie.-disse Orgulho. E então continuou.

-Mas diferentemente de você, eu não morrerei essa noite, Thor.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

You deny the darkness in your soul...

Eu talvez tenha lutado demais contra mim mesmo, para me manter da forma que eu achava "certa". Evitei os pensamentos sombrios. Talvez tenha fingido de que a forma que eu era antigamente era melhor do que a que eu tinha tomado. Que meu caráter paladínico era o que realmente fazia de mim o que eu era.

Não era isso. E agora eu admito isso.

O que eu vou fazer é deixar aquilo que eu retia como a "escuridão de minha alma" tomar o controle. Eu vou ser as sombras, eu vou ser o medo, a raiva, o ódio. Eu vou ser a pessoa que eu fui, gostei de ser e depois me arrependi.

" 'I am not a thing of hate. I am a thing of love. I love you all so much. I covet your flesh, your breath, your passion. I crawled into this vessel because I love it so. Be not afraid. I am not your enemy - I am the best friend you never knew you had.'

Por Emily Kin, chamando a si mesma de 'Higurazel'."

-Extraído do livro Inferno, da White Wolf

Então é isso. Aceito a mim mesmo, daqui por diante, não como o anjo, o guerreiro... não como o Orgulho. De agora em diante, declaro-me como parte do Ministério dos Espantalhos (The Scarecrow Ministry).

Agora, sou o Senhor das Sombras. E que venham as tempestades.

I am back as the devil you all knew.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

You can't deny your fate... deny your fate...

Destino.

Essa palavra, na minha opinião, é uma das que eu mais tenho dificuldade em definir se acredito ou não. Se as coisas são predestinadas, seja pelo determinismo científico ou pelo destino "sobrenatural" em que muitos acreditam. Para mim, a maior dificuldade em entender o destino é que é impossível colocá-lo à prova.

E, no entanto, algumas vezes é tão confortável acreditar que as coisas estão predestinadas a ser como são. Que cada coisa que acontece era a única possibilidade...

Alivia tanto a culpa.

Culpa.

Das emoções que eu conheço, a culpa é uma das mais responsáveis por eu ser quem eu sou. Não só sentí-la, como também evitá-la, fez com que eu desenvolvesse meu caráter de uma forma que é incompreendida para algumas pessoas. É uma emoção que eu não gosto de sentir, mas me conforto por sentí-la: quando se sente culpa, é por um erro que admitimos. E admitir um erro já é grande parte de entendê-lo ou de justificá-lo. No entanto, ainda assim, a culpa não vem só quando cometemos erros: vem toda a vez que fazemos algo que não temos certeza se valia a pena ter sido feito, e que resulta em sofrimento alheio.

Certeza.

Seria tão bom se, além de muita culpa, eu também pudesse ter um pouco de certeza...

domingo, 31 de julho de 2011

Set the course, for a new shore...

Eu já escrevi uma vez que meu mundo é assolado por fantasmas.

E eu vejo sombras cada vez mais intensas se aproximando.

"No, don't, no, don't sink the boat that you built to keep a float".

Eu meio que me sinto como o capitão de um navio que afunda. Botes salva-vidas para todos aqueles que lhe são próximos. Tire eles daí: o barco é seu e é só você que vai afundar com ele. Contemplo a tempestade responsável por tal naufrágio e vejo uma fúria quase consciente. Como se aquilo fosse uma retribuição. Não discuto; apenas aceito.

E então começa. As velas encharcadas estão incapazes de levá-lo adiante. As ondas começam a encher o convés de água, e a cada vez que o navio balança, ele chega mais perto de afundar. O leme já não mais me obedece, mas sim ao rugido sombrio dos ventos. E os mastros, ah, os mastros envergam e partem-se perante a ira implacável do vento. Não importa se você é ou não um bom navegador: perante uma tempestade intensa o suficiente, todos somos crianças quando se trata de navegar.

E o momento derradeiro se aproxima, quando você simplesmente abandona a esperança e aguarda até que a água cubra-lhe o rosto e o afogue. Você afunda no mar...

Você afunda no mar da existência.

E agora... você vai nadar para onde?

sábado, 16 de julho de 2011

Do Tomo Desconhecido de Fúria - "Through the dark age and into the storm..."

-Para que você precisa da Lança do Destino?- perguntei.

-Para enfrentar meu verdadeiro alvo.- respondeu Orgulho.-Venha, está na hora.

-Para onde vamos?

-Para o mundo dos mortais.

Orgulho concentrou-se durante alguns minutos e então abriu uma fenda entre os dois mundos. Atravessei primeiro, e então ele me seguiu. Inúmeros espíritos tentaram fazer a travessia, mas Orgulho conseguiu evitar que eles nos seguissem.

-Essa travessia já foi suficientemente indiscreta. Não quero dar a ele o tempo que precisa para se preparar.-disse ele.

-Eu ainda não sei quem estamos enfrentando.-reclamei, mas Orgulho estava olhando para cima.

Olhei para o céu. Estava coberto de nuvens, que ficavam mais escuras a cada segundo. Dava para ver que uma intensa tempestade estava se formando.

-Você não sabe... mas ele já sabe que estamos aqui. E eu não acho que tenha gostado da notícia.-disse Orgulho, com um sorriso no rosto.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

"One more day by the gates of hell..."

Eu nunca tinha visto Orgulho naquele estado.

-O que aconteceu no Inferno, velho amigo?-perguntei.

-Lucifer colaborou pacificamente, como sempre. Nunca vi tantos demônios juntos...-disse ele, tremendo. Estava a um passo de morrer, pelo que parecia.

-O que você precisava do Inferno?

-Informações. Ninguém melhor que demônios para se fazer as perguntas certas. Mas acho que consegui.

-Conseguiu o que?

-O mais recente paradeiro da Lança do Destino.

Confesso que, por um momento, fiquei pasmo. A VERDADEIRA Lança do Destino? Porque diabos alguém iria dizer para Orgulho o paradeiro de uma das mais poderosas armas do planeta? É como entregar um tanque de guerra à um deus. Quando alguém é poderoso, não se dá mais poder a ele. A menos que...

... você não tenha escolha.

-E onde ela está, Orgulho?

Ele sorriu.

-Embainhada em minha cintura.


domingo, 10 de julho de 2011

Do Tomo Desconhecido de Fúria - "I am the Dark"

Quando a escuridão aproximou-se dos Eternos, eu lembro de ver grande parte deles desesperados. Isso aconteceu quase que no mesmo instante em que o apocalipse começou. Eu lembro de vê-los agonizantes perante a premissa de um fim. Somos Eternos, mas e se a eternidade estiver acabando agora?

Orgulho estava sumido, até então, e ninguém além de seus aliados mais próximos tinha alguma ideia de onde ele estava. Nós sabíamos.

Ele estava no Inferno.

Quando a escuridão estava se aproximando, ele estava no Inferno.

Quando a escuridão caiu, Orgulho estava de volta.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Prólogo 1

"Foi uma decisão difícil, a minha. Mas eu decidi que toda essa história deve ser registrada. Ninguém sabe qual o futuro que nos aguardava até que Orgulho decidiu fazer o que ele sempre fez: se atirar de cabeça no que, para ele, era um motivo para lutar. Eu mesmo sei muito pouco.

Faz três anos desde o Apocalipse. Azazel trancou Céu e Inferno na Terra, e pouquíssimos Eternos ainda existem. A antiga Legião dos Eternos está destruída, é preciso matar para estar vivo. E no entanto, poderia ter sido muito pior.

Tudo começou na viagem de Orgulho à Pestifera. Ele descobriu muitas coisas naquela viagem, segundo ele. Inúmeras histórias foram absorvidas. Dentre as quais, alguns detalhes que tinham passado desapercebidos. Algo sobre Céu, Inferno e os Quatro Cavaleiros.

Eu no início não acreditei quando Orgulho me disse que a Grande Guerra tinha sido causada pelos Cavaleiros. Que Lucifer não caiu: foi derrubado. Ele não era o elo mais fraco da corrente: pelo contrário, era um dos mais fortes. Mas era exatamente esse o ponto que fazia dele o mais adequado. O anjo rebelado não poderia ser fraco, pois um anjo fraco arrebataria poucos aliados. Não, precisava ser um dos três primogênitos. E Lucifer era o mais adequado para essa tarefa. Não tão devotado quanto Miguel e nem tão esperançoso quanto Azazel.

Os Cavaleiros então, após a queda de Lucifer, assumiram o corpo de 4 Nephilins, filhos de Azazel. Ele foi então chamado de O Quinto Cavaleiro, o responsável por começar tudo. Mesmo quando Azazel os escondeu em outros planos, eles continuaram exercendo sua influência no mundo. Eles não SÃO nephilins: são espíritos conceituais, como nós, mas muito mais poderosos. Nenhum de nós pensaria em enfrentá-los.

A não ser Orgulho.

E, novamente, demorei para acreditar quando ele me contou sobre todo o resto. A manutenção da Grande Guerra e como eles iriam enfrentar todos os exércitos sozinhos. E então Orgulho decidiu testar sua hipótese.

Ele bebeu as águas do Mar do Destino."

-Tomo Sem Nome, escrito por Fúria.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

And the Story Ends!!!

Ao longo da existência do meu blog, eu postei inúmeras histórias (ok, foram por volta de 50) sobre meu personagem icônico, o Orgulho. Eu sou uma pessoa que faz faculdade, estágio e outras coisas. Se nem a Marvel, uma equipe de pessoas que vive disso, consegue fazer histórias decentes a vida inteira, minhas chances de sucesso não são muito grandes. Então, tomei uma decisão.

Vou escrever uma última, épica e derradeira história sobre meu bom e velho personagem.

Essa história vai se passar algum tempo depois da anterior. E ela vai ser... um tanto quanto pretensiosa.

Get ready!

It's going to be legen - wait for it...


...DARY!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Misled

Minha cabeça colidiu com o chão conforme o pulso que me segurava pelo pescoço atirou-me para longe.

Parecia o fim. Eu, Orgulho, atirado no chão, derrubado e sem forças. E então o Senhor das Sombras ajoelhou-se sobre o meu corpo. Colocou a mão sobre meu peito e então olhou-me nos olhos:

-Orgulho... você perdeu.

E então enterrou a mão em minhas "vísceras". Senti que estava tirando uma parte de mim, uma parte que eu com certeza não queria que fosse tirada. Me debati, mas eu estava fraco demais. Nada que eu pudesse fazer.

-Pronto. Agora... você não é nada.-disse ele.

Fechei meus olhos. Tentei sentir alguma coisa, qualquer coisa... eu não conseguia. E então, instantaneamente, passei a sentir o meu próprio orgulho me inundar.

Comecei a me levantar. O Senhor das Sombras sequer tentou me derrubar de novo. Apenas riu da minha patética tentativa de enfrentá-lo.

-Você está sendo patético, Orgulho.

-Não.-disse eu.- Eu estou sendo eu mesmo.

Naquele momento, ele notou que algo estava errado. Ele segurava a minha maior arma em sua mão, mas eu ainda assim estava forte. E meu poder só crescia. A cada instante.

-Você me tirou aquilo que eu mais valorizei, Senhor das Sombras. Mas ao tirar isso de mim, deixaste-me sem nada. E se eu nada tenho, nada vou perder. Eu finalmente estou solitário de novo... e sou eu mesmo. Qualquer outra criatura sem Razão estaria aos prantos, mas a própria Loucura deu a mim o poder de enfrentar esse obstáculo. É bom você se preparar, Senhor das Sombras.

-Você me destruiu e cá estou eu...-falei, atirando-o longe com um soco.

-... e agora é minha vez.-continuei, depois de arrancar seu braço.

-E eu ainda nem comecei.

domingo, 8 de maio de 2011

Prólogo

No meio das sombras, abri meus olhos.

Eu conheço tudo isso. Toda a escuridão, toda a sombra. Talvez até mesmo todo o medo que um humano sentiria ao contemplar isso tudo. Quanto a isso, talvez eu nunca venha a saber. Humano eu nunca fui, e certamente nunca serei.

Era uma terra desolada, desprovida de vida e com pedaços de construções antigas aqui e ali. Era vasta. Parecia que tudo tinha sido destruído por alguma tempestade, algum desastre climático de proporções épicas. Era um mundo alternativo, completamente devastado. Bem diferente de como era na última vez que pisei nestas terras.

Uma ave cruzou os céus e então mergulhou em minha direção. Eu não me mexi, sequer, pois eu sabia o que, ou quem, era aquela ave. Apenas esperei que ela assumisse sua forma real. Sua forma era um manto que flutuava, completamente vazio por dentro.

-Tempos que eu não o via por estas terras.-disse o manto.

-Eu não costumo vir aqui... mas nunca pensei que pudesse estar tão destruída.-respondi.

O manto riu.

-Você abandonou esse local nas mãos de uma besta sem dó. Gigante como um planeta, ela devastou seus palácios e suas construções. Aqueles que aqui viviam, foram engolidos. Foi assim que você perdeu.

-Consigo entender suas palavras, criatura, mas ainda não acho que tenha perdido. Ainda tenho meu poder.

-Seu poder nada vale aqui.

-Não valeria... se não fosse a dádiva de Loucura. Meus olhos agora vêem além do que é possível para uma mente normal, e minha própria consciência mantém-se poderosa mesmo neste lugar desolado.

O manto ficou quieto por alguns segundos e então respondeu.

-Você está condenado, Orgulho. Nunca sairá daqui.

Encarei o que seria a cabeça do manto.

-Então espere, Consciência. Você me perderá de vista antes mesmo de perceber.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

"Vigia apenas os gigantes e serás comido pelas formigas."

-Homúnculo Furtivo.

quinta-feira, 24 de março de 2011

No Rest for the Wicked.

Eu só consigo rir.

É tão fantástico ver que eu simplesmente não tenho descanso. No rest for the wicked. Parece que existe uma entidade que se diverte em ver as coisas dando errado pra mim. Arruinando o que eu me esforço pra construir, tocando fogo no que eu me esforço pra plantar. Chega a cúmulos como eu ganhar ingressos prum filme numa promoção e o filme sair do cinema antes de eu receber o prêmio, ou como eu passar mal no dia do show que eu queria assistir e tinha conseguido entrada de graça.

Eu não acredito em destino e nem nessas porras todas, mas puta que o pariu, de vez em quando eu penso em mudar de vida.

É nesses momentos que eu sorrio, olho pra minha parede e entendo porque eu escrevi Lost and Damned nela.

Ah se eu pego o desgraçado que faz isso...

segunda-feira, 14 de março de 2011

E já que os tempos são de paz, o Inferno jaz sem nada receber...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

The Tree of Knowledge

Cá estou eu, para o que eu acredito que será a primeira Visão em Cinza Escuro decente desse ano.

Durante a maior parte da minha vida, eu considerei minhas relações com as pessoas, tanto amizade quanto namoro, como se fossem um jarro de cerâmica: valioso e resistente, mas uma vez quebrado, nunca pode ser reconstruído com a mesma resistência. De fato, essa visão faz sentido.

E está errada.

Errada porque jarros de cerâmica sempre serão jarros de cerâmica. Não aumentam significativamente e nem diminuem significativamente (eles dilatam e contraem com a temperatura, mas isso não é significativo). Um jarro de cerâmica, deixado a esmo, tem durabilidade indefinida.

Relações são bem diferentes.

Primeiro de tudo, porque elas mudam. Elas crescem e minguam. Elas podem ser nutridas ou privadas de nutrientes. Relações são muito mais parecidas com uma árvore do que com um jarro. No início, são frágeis, enquanto jarros mantém sempre a mesma durabilidade. Conforme crescem, vão se tornando cada vez mais fortes. Um golpe no início do crescimento destroi uma arvoreta, também.

Então qual a diferença?

A diferença, e eu demorei talvez tempo demais para perceber isso, é que árvores respondem ao dano de uma forma diferente dos jarros. Um jarro ao ser danificado, trinca ou quebra. E está feito: quebrado ou trincado para sempre, foda-se. Não gostou, compra outro jarro.

Uma árvore, porém, PRECISA sofrer danos para crescer viçosa. Lógico que uma centena de machadadas cortam uma árvore, mas quebrar alguns galhos de vez em quando não é algo que vá destruí-la para sempre. Relações entre pessoas PRECISAM de impactos: o excesso de estabilidade leva à ruína, torna as coisas tediosas. Essa parte eu já sabia, mas me faltou o esclarecimento necessário para notar que o dano nem sempre é apenas nocivo. Uma árvore que cresça completamente desprovida de inimigos naturais vai ser devorada na primeira nuvem de gafanhotos. O milharal nunca perturbado será destruído na primeira tempestade de corvos.

Eu falhei em enxergar que, para enfrentar a dor, você precisa sentí-la ao invés de evitá-la.
Eu confundi uma árvore com um jarro, e isso faz eu me sentir muito idiota.

Mas eu também, inadvertidamente, golpeei a árvore. E agora é só esperar para ver se ela vai crescer viçosa ou não.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Behind the Wall of Sleep

A existência de um Eterno é uma guerra contínua dentro dele. Ainda mais quando se tem outros Eternos convivendo em um mesmo. É uma luta constante pelo domínio da personificação. Você luta com os outros para se manter vivo e consigo mesmo para se manter no controle de seu próprio corpo. Essa é a sina de um Eterno.

E, um dia, todos os Eternos estão fadados a perder.

Foi a força das circunstâncias que fez com que o Senhor das Sombras, latente há tanto tempo, tomasse o controle do corpo onde existia. Orgulho descuidou-se: um erro que nenhum Eterno deveria cometer. Sua consciência foi subjugada por aquele que ele próprio um dia subjugou, e então ele ficou trancado dentro de si mesmo. E existe um mundo dentro de um Eterno.

E para retomar o controle, ele precisava de coisas que estavam trancadas dentro dele mesmo.

Tão logo os olhos de Orgulho se fecharam para o mundo, enquanto os de Senhor das Sombras se abriam, os olhos de Orgulho abriram-se para ele mesmo.

O que diabos tinha acontecido com ele para as coisas dentro dele estarem tão...

... diferentes?

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Unleash the beasts!!!

Vocês me expulsaram de meu refúgio e incendiaram a única coisa que eu apreciava. E então me perseguiram e tentaram fazer eu me esconder como um rato, com medo.

Mas eu não o fiz.

E então vocês me capturaram e me mantiveram em uma cela por tempo indeterminado, mantendo-me preso aos meu pensamentos. Dor, angústia, saudade. Vocês tentaram fazer eu enlouquecer.

Mas eu não o fiz.

Eu esperei, pacientemente. Deixei vocês sonharem com o mundo perfeito, com a vida que queriam. Deixei que vocês me torturassem e me contassem como vocês estavam certos e eu não. Vocês queriam que eu abandonasse minhas esperanças.

E eu o fiz, com muito prazer.

E enquanto isso, eu esperei. Eu sabia que, um dia, vocês iriam notar que estavam errados. Que vocês não conseguem nada sozinhos. EU sou essencial a vocês, e agora eu vou voltar e mostrar para vocês o que eu preparei enquanto estive enjaulado.

Eu sou o Instinto.

E vocês, pobres sentimentos, estão com os dias contados.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Deep in the dark...

Trilhar o caminho que se acha adequado é uma das decisões mais difíceis de se tomar... e de se manter.

Tudo que é fundamentado em escolhas e ideais é tênue e efêmero, ainda que escolhas e ideais não sejam necessariamente tênues ou efêmeros. Seguir sua vida de acordo com seus princípios torna-se mais difícil conforme a sua rigidez consigo mesmo aumenta.

E então, eu decidi caminhar. Eu preciso disso. Por muito tempo, eu me limitei a dividir o que eu sou em inúmeras partes tidas como "úteis", "inúteis", "boas" e "más". Mas encontrar em si mesmo as respostas que você precisa exige abraçar seus demônios internos, trazê-los para próximo de você. Liberar seus instintos, reter seus pensamentos, segurar com rédeas curtas sua mente e seus sentimentos. Encontrar dentro de você a resposta para as suas perguntas envolve ser tudo que você é, sem limitar.

E isso é algo que só é passível de fazer quando se está sozinho.

E então você afunda nas sombras. Mergulha nas chamas de seu próprio inferno. Você precisa da escuridão, você precisa de seus demônios. Você afunda, segura-os pelas mãos.

E o que sai é completamente diferente do que entra.

"Take your time, live in sin...
... choose your allibis!
Work all day, die in pain
You're a sacrifice!

They're gonna send you down to hell
And put your body on a shelf!

This is the island of damnation
Where ALL YOUR DREAMS ARE GONNA FALL
Your mind is screaming for salvation
YOUR HEART IS TORN APART AND THROWN...
... INTO THE FIRE BELOW!"

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Guia Prático de Foda-se Parte II

Bom... long time depois do primeiro, decidi fazer a parte II. Então aí vem mais frases que você provavelmente nunca parou para pensar, mas alguém parou e elas fazem todo o sentido do mundo.

"A vida é uma droga. E você ainda reencarna."

"A pessoa que proferiu a asneira 'se fosse fácil, não tinha graça' nunca passou por uma situação difícil."

"Oferecer uma nova opção a um indeciso tornará ele ainda mais indeciso. Retirar todas as opções exceto uma o fará desistir de tudo."

"Se você é capaz de distinguir os bons conselhos dos ruins, você não precisa ser aconselhado."

"O amor não é cego. Ele é retardado."

"Soluções são criadas a partir de problemas. Problemas não tem uma origem definida."

"Qualquer solução pode virar um problema, mas a recíproca não é verdadeira."

"Problemas que se resolvem sozinhos costumam voltar sem essa tendência."

"Assim que tiver esgotado todas as suas possibilidades e confessado seu fracasso, haverá uma solução óbvia e simples, claramente visível para qualquer outro idiota."

"Nenhuma bola acerta um vaso que você odeia."

"Errar é humano. Perdoar... não faz parte da política da empresa."

"Todo problema, por mais simples que seja, pode ser tornado completamente insolúvel se for realizado o número adequado de reuniões para discutí-lo."

"Mulheres são como empréstimo bancário: na hora do aperto, é uma maravilha. Mas ninguém nunca se lembra dos juros." (Créditos a Lucas "Raychenko")

Quem gostar, espere até o III!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Paus

A confusão crescia em sua cabeça. O que ele queria já não era mais o que poderia ter, e o que poderia ter já não fazia mais nenhum sentido para ele. JoH sabia o que queria; ele, não.

Apenas sabia que nada tinha a oferecer ou a adicionar a ninguém. Estava esgotado, exausto, e iria sugar a vitalidade de qualquer pessoa que se oferecesse para ajudá-lo. Seu destino distorcido espiralava ao seu redor, e sua vida inteira parecia destinada à desordem. Mas aquele era SEU território: iria ganhar a batalha quando lutasse em sua própria arena.

Um Rei de Paus caiu de dentro do bolso da calça. Contemplou-o durante um tempo e enfrentou a realidade de sua situação: estava em terreno desconhecido. Era um estranho em uma terra estranha, um peregrino no deserto. Sua vida era um caos, puro caos. Somente o jogo e a bebida lhe traziam algum fiapo de recompensa: todo o resto era um vórtice que arrancava tudo de dentro dele. Um Buraco Negro de emoções que a tudo absorvia e desintegrava.

Estava sozinho.

Ele, JoH... e aquele Rei de Paus.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ouros

Voltou para casa sozinho, mas de consciência descarregada. JoH tirou a jaqueta e então mergulhou novamente na depressão. Acendeu um cigarro. Contemplou pela janela as paredes sujas e pichadas, o chão esburacado, a noite coberta de nuvens e o barulho tão tranquilizante de automóveis acelerando em sua cidade. Tudo menos o silêncio.

A degradação do ambiente ao seu redor refletia nele e em sua casa. Seus olhos já estavam envoltos pelas olheiras. Era questão de tempo até seus hábitos detestáveis destruírem seu corpo sadio, mas ele não se importava. Afinal de contas, não há benefícios em uma vida longa para alguém como ele: até quando ele conseguiria dividir o corpo com JoH?

Mas não era essa a questão. A questão era: o que ele queria reconquistar. Tudo envolvia um violento jogo de poker consigo mesmo: blefar e "go all in" ou então jogar cautelosamente. Era questão de tempo. Tudo questão de tempo.

Auto-estima, orgulho, respeito, coragem, ousadia. Tudo isso estava em jogo.

E era JoH quem dava as cartas, agora.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Espadas

O chão do quarto estava coalhado de garrafas vazias, uma tentativa inútil de fazer com que as vozes parassem de assombrá-lo.

Lentamente, pegou uma garrafa do chão. Estava completamente sóbrio e sabia disso, ainda que desaprovasse a ideia. Urrou e então arremessou-a contra a parede. As vozes continuaram. Sussurros, gritos. Sua cabeça projetava tudo que pudesse deixá-lo triste. Mas ele deixou sua raiva aflorar. Urrou mais algumas vezes, como um animal ferido. Desferiu socos e pontapés contra as paredes. Jogou outras garrafas. Tentou fazer com que as paredes fossem as culpadas e então descarregou sua ira nelas. Mas todas as tentativas eram vãs quando o objetivo era livrar-se de tudo aquilo.

Levantou-se e então caminhou em direção à porta. Pegou sua jaqueta no caminho e vestiu-a.

As vozes cessaram

Era ela o gatilho de suas personalidades múltiplas, e ele sabia disso. O eu magoado e rancoroso dava lugar ao auto-controle, à mente clara e funcional de sua segunda personalidade, que se autoproclamava JoH.

Era hora de as coisas voltarem a ser como eram antes.
Ele ansiava por isso, precisava disso.

E, finalmente, ele tinha conseguido.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Deixai, ó vós que entrais, toda a ESPERANÇA

Quando não se tem escolha, se toma o que se tem.

Como eu já disse, a vida pra mim é uma via de mão única. Eu lutei contra, eu neguei isso: minhas crenças foram ofuscadas porque eu não queria acreditar nelas. Não dessa vez. Nunca dessa vez.

E quando você vai contra o que você acredita, você quebra.

Não importa o quanto se lute. Quando algo que você acredita com todas as suas forças vira um obstáculo, a batalha está perdida. Você pode lutar contra os seus sentimentos, contra a razão, contra outras pessoas.

Mas uma batalha contra si mesmo é SEMPRE uma batalha perdida.

É nesses momentos, de extrema confusão, que você muda. É quando o que você deseja do fundo de seu cerne simplesmente não condiz mais com a realidade, que você entra em paradoxo. E paradoxos não são coisas legais, porque você torna-se obrigado a optar por uma coisa ou outra. Nesses momentos desesperados é que você se agarra naquilo que pode torná-lo parecido com o que você quer ser.

Chega de metáforas confusas.

Por muito tempo, eu lutei. Contra mim, contra os outros, contra quem viesse. Perdi, ganhei, empatei, estraçalhei, fui humilhado. Minha paz acabou há tempos, mas eu insisti em fingir que ainda a tinha. Fingi que aquilo que eu mais renego, a esperança, ainda existia.

Pois bem, eu estava errado.

Li naquela porta "Deixai toda a esperança, vós que entrais."

E com uma respiração profunda e uma piscadela de remorso, cruzei-a.

Minha esperança, o resquício que existia, ficou para trás.

Daqui para frente, eu só quero a realidade.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Wherever I may roam...

Não estava onde alguém pudesse encontrá-lo.

Não estava em nenhum lugar imaginável.

Somente quando um lapso de descontrole trouxe à tona todas as suas fraquezas, foi que se descobriu o que havia acontecido. Algo mudou, radicalmente, e ninguém tinha a menor noção disso. Alguém sumiu, mas não foi notado; alguém desapareceu, mas não aos olhos que sempre o viam. Não se sabe porque, ou como; se foi intencional ou não. O que se sabe é que, no fundo, algo aconteceu. Alguém sumiu e alguém mudou.

O Orgulho sumiu.

E, agora, é preciso encontrá-lo.