quarta-feira, 17 de agosto de 2011

You will find a new allegiance, like a beacon in the night...

A noite é sombria, tanto no sentido literal quanto figurado.

Eu talvez esteja enfrentando a batalha mais difícil de minha vida, e o faço em uma noite escura, solitária e fria.

O que faz de nós quem realmente somos? Somos aquilo que grita em nossos corações, um grito agoniado e forte, que nos leva adiante quando nada mais parece estar próximo nessa escuridão cretina? Ou somos a chamada racional de nossas mentes perturbadas, exaustas, incapazes sequer de reagir aos mais simplórios estímulos da lógica?
A verdade, talvez, esteja distante na escuridão, onde luz nenhuma alcança, seja ela da razão ou da emoção. Seria essa verdade adiante, incapaz de ser descoberta, um metamorfo imprevisível ao qual chamamos de destino? A música: é ela composta pela melodia e pelos timbres... ou será ela uma forma quase matemática, a soma dos compassos e dos tempos?

Será a vida uma música? Será ela uma orquestra animada ou um réquiem funesto? A vida tem, tal como a música, seus crescendos e diminuendos, por certo. Mas a música tem um quê a mais, também. O andamento pode dizer muito sobre uma música: sua intenção, seu significado. Será a vida uma triste balada? Ou uma alegre orquestra? A vida faz como a música? Teria ela uma “intro” onde poderíamos perceber o que acontecerá conosco? Ou será que a vida se comporta como um relâmpago, cuja trajetória é imprevisível até que seja vista?

Muitas perguntas. Muitos medos.

E então eu contemplo a mim mesmo, nesse recanto que consegui formar. Me refugio nestas palavras, ao som de uma música que pra mim tem um significado muito intenso. O frio da noite, que assola os menos afortunados, é bloqueado por um cobertor. O computador no meu colo torna-se uma extensão de minha mente, transformando em palavras o que para mim são emoções incompreensíveis. Não consigo lembrar-me do que já escrevi até agora, mas as palavras vem a mim como se precisassem tanto de mim quanto eu preciso delas. Como se implorassem a mim que desse uso a elas, desse-lhes uma razão para existir. O que seria de nós mesmos se nós não fôssemos capazes de escolher uma razão para existirmos? Uma batalha para lutarmos? Se não tivéssemos, em nossas vidas, coisas pelas quais morreríamos?

É nessa melodia de sons e silêncio, que me encontro. O silêncio que seria próprio da noite é cortado pelo ruído de ônibus e carros que passam na rua. Vozes vindas de outros quartos trazem a humanidade de volta ao meu mundo quase selvagem. No entanto, mesmo com a música, há momentos de silêncio: momentos em que eu simplesmente ignoro as vozes, a música, os ruídos vindos da rua. O gosto de cigarro em minha boca lembra-me que minha maior fraqueza são as coisas às quais eu me entrego. Seria isso o discurso clássico do viciado... ou a voz ressoante de um homem em busca de si mesmo?

Um comentário:

  1. Indescritível.
    Apesar da escuridão, no final das contas o objetivo da vida seria encontrar a luz.
    :) Bjs

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