terça-feira, 28 de setembro de 2010

Rise of the Fallen 13: Fire Below

Já chega. Chega de insultos. Chega desse desprezo. Eu não vou mais tolerar esse tratamento, de qualquer um. Era passada a hora de mostrar que, no fim das contas, somente eu irei ficar de pé. Miguel, Lucifer, meu Pai: todos estarão mortos ao fim disso tudo.

Atirei-me para dentro do vulcão. A lava ardia e emanava um calor capaz de derreter qualquer coisa, mas eu sou mais do que isso. Ela encosta em minha pele e destroi-a, queima meus cabelos, olhos e minhas asas. Grito de agonia, mas não ligo: não irá me destruir. O magma abraça-me, um abraço de destruição. E então, eu grito de novo. Mas dessa vez, é uma invocação. Abro minhas asas, queimadas, e então voo para fora da lava. E espero.

-Quem és, criatura de infinita inconsequência?-disse uma voz, grave e monstruosa.

-Azazel, Quinto Cavaleiro do Apocalipse, Líder da Segunda Grande Queda, Pai dos Quatro outros Cavaleiros. E eu solicito vossa ajuda, ser de infinita grandeza e imensurável poder.

-Porque eu o ajudaria e para que lhe é necessária minha ajuda, Quinto Cavaleiro?-perguntou a voz.

-Lucifer, Miguel e os outros estão vindo. O fim chegou, Ancião, mas eu não quero deixar que isso aconteça. Não quero que Céu ou Inferno vençam a guerra. Nós dois morreríamos se isso acontecesse, não importa qual lado vença. Sem você, a vitória do Terceiro Exército é impossível. Mas com vosso poderio ao nosso lado, temos chance de igualar as escalas. Miguel e Lucifer são grandes, mas vosso poder é inimaginável.

Elogios, elogios e mais elogios. Criaturas muito antigas e muito poderosas gostam disso.

-Não achas que consigo resolver meus problemas sozinho, criatura ínfima? Vens ao meu território de descanso, interrompes meu sono e ainda ousas me insultar?

-Não tenho intenção de insultá-lo, Grandioso, mas vós bem sabeis que Céu e Inferno são inimigos quase imbatíveis. Sozinho, poderias eliminar talvez todas as Legiões do Inferno ou todas as Falanges do Céu, mas certamente não sobreviveria a um confronto contra Lucifer, seus generais e suas Legiões simultaneamente. Essa batalha é impossível para qualquer criatura mortal, seja ela eternamente duradoura ou não.

A criatura não respondeu durante alguns minutos.

-És convincente, Quinto Cavaleiro. Sinto falta de uma batalha.

A terra tremeu. Um sorriso abriu-se em meu rosto. A criatura estava vindo, estava do meu lado da guerra. Com ela, meu exército estaria completo. Deixei a cratera vulcânica.

Uma enorme cabeça reptiliana completamente negra e com olhos vermelhos, talvez do tamanho da abertura do vulcão, ergueu-se da lava. O pescoço e o corpo seguiram, também negros e gigantescos, destruindo a montanha. As patas e as asas deixaram por último, trazendo à tona a maior dentre todas as criaturas que já pisaram na terra.

O último dragão vivo.

-Não vejo este mundo desde que lutei ao lado dos Titãs. Azazel, ninguém irá derrotar-te enquanto estiveres ao meu lado.

O sorriso ampliou-se. Talvez meu exército ainda não esteja completo.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Rise of the Fallen 12: Descent of the Archangel

-Preciso encontrar um último aliado antes de abrir os portões.-disse eu.-Destino, encontre Gabriel. Reúna os dois exércitos. Nós ainda temos uma última carta na manga.

-Certamente, Azazel. Estarei esperando-o. Você saberá onde me encontrar.-disse ele. E sumiu.

Voei até o Vesúvio, o vulcão que destruiu Pompeia. Dentro dele, em suas profundezas, havia um tesouro guardado para qualquer um com coragem, poder e convincência para arrebatá-lo. Existiam outros capazes de fazer isso que não eu, mas disposto, um somente. E era eu mesmo.

Na abertura do vulcão, porém, reconheci alguém. Confesso que senti um pouco de admiração ao vê-lo. Era da minha altura e tinha cabelos loiros e cacheados, uma barba loira rala e olhos completamente brancos. Era muito forte e vestia uma armadura no peito. Um par de asas brancas era evidente, e em suas mãos pendiam uma espada em chamas e um escudo.

Miguel Arcanjo.

-Azazel.-disse ele, com a voz seca.

-Miguel. Confesso que acho sua visão mais gratificante que a de nosso irmão mais velho. Na realidade, chego a achar bom vê-lo.-disse eu, em resposta.

-Você tem que parar com o que está fazendo, demônio. Você está arriscando tudo. Você vai morrer.-disse ele, em resposta.

Contive minha ira. Miguel sempre tinha sido ríspido e inflexível.

-Ora, meu irmão.-respondi, com um certo escárnio.-Você tem sido um bom soldado raso por muito tempo. Porque agora quer evitar uma última guerra?

-Não seja ridículo, Azazel, chamando-me de "soldado raso". Sou o Príncipe da Milícia Celeste, General das tropas do Céu. Comando falanges capazes de cobrir o sol e superá-lo em brilho. Eu não estou tentando evitar a Guerra, demônio. Eu estou tentando mantê-lo fora dela.

-Você acha que eu não sou capaz de lutar como um "terceiro lado"? Eu sou quase da sua idade e infinitamente mais poderoso que qualquer um de seus "pombos".-respondi, enfurecido.-Você me teme, não é? Me odeia por ter tido a coragem que você nunca teve.

O rosto de Miguel, pela primeira vez, demonstrou alguma emoção. Um misto de escárnio e pena.

-Eu não tenho sentimentos em relação a você, Azazel. No momento, você e seus cabeças-de-vento são o menor de meus problemas, se é que chegam a ser problema. Lucifer é o meu problema. A sua vontade de lutar contra nós é porque eu e ele somos grandes. Você é só o anjo que está à nossa sombra. Ele é o mais belo, eu sou o mais prodígio... e você é o mais tolo, Azazel. Mas não se preocupe. Se os seus planos derem certo, logo você vai notar isso. Logicamente, vai ser tarde o suficiente para sua morte ser iminente. Adeus Azazel. Até o Julgamento Final. E faça tudo rápido. Eu quero estar aqui para presenciar o seu desespero quando tudo que você acredita estiver como a lava desse vulcão: derretida e contida no fundo da Terra. Como, um dia, você mesmo esteve.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Rise of the Fallen 11: Alea Jacta

-Destino? A entidade ou o Eterno?-perguntei.

-Ambos.-disse ele.-Azazel. Seus Cavaleiros estão mortos, todos eles. Morte era o último que restava vivo. Passaram-se inúmeros anos nos quais você não esteve ciente de tudo, mas nada escapa aos meus olhos ou ouvidos, anjo.

A notícia me entristeceu. Os Cavaleiros eram aliados poderosos, mas não eram essenciais. O essencial do plano ainda era eu mesmo. E eu estava vivo. Eu só precisava encontrar criaturas dispostas a lutar ao meu lado: sozinho, eu não mudaria nada.

-Onde posso encontrar aliados, Destino?-perguntei.

-Porque eu deveria ajudá-lo?-respondeu ele.

-Porque é o que você faz: leva as coisas aos seus respectivos fins. A ideia e o conceito de Destino são embasados nisso: você traz tudo ao seu devido fim. É hora deste mundo findar, você sabe disso. Você não impediu aqueles humanos de abrirem minha jaula e, uma vez aberta, você não me impediu de tentar ressuscitar os Cavaleiros. Você está exausto, Destino, pois seu ofício não lhe parece mais grato. Onde posso encontrar ajuda para enfrentar Céu e Inferno?

Destino sorriu.

-Muito eloquente, Azazel, mas meu ofício ainda me é muito gratificante.

-Então porque não interromper? Você sabe, Destino, sempre soube. A minha aparição significa o fim.

-Não se lisonjeie tanto, Caído. O mundo iria ruir mesmo que sua jaula nunca fosse perturbada. Você pode no máximo acelerar este futuro.

-Destino. Ninguém melhor que você sabe que essas criaturas que se acham perfeitas não passam de um erro de cálculo. Meu Pai fascinou-se por elas, mas elas são meramente um esboço do que deveria ser uma raça perfeita. E nada saiu mais errado que eles. NÓS, Eternos e anjos, somos as criaturas que realmente tem um motivo para existir. E nossas existências agora são atormentadas por criaturas tão frágeis. Me ajude a exterminar esse câncer do mundo. Me dê aliados.

-Belas palavras. Você está certo, anjo. Devemos nos unir. Você tem a mim. E a meu exército.

-Exército? Que exército?

Do nada, começam a aparecer formas. Todas com a aparência de um anjo, mas com algo diferente: os pés eram de pássaro. Aquelas formas... sim, eu lembrava. Os Corvos da Tempestade. Uma vasta falange que se rebelou contra a ordem das coisas e juntou-se ao Destino para servir como sua ferramenta. Agora, no entanto, ela já tinha arrebatado milhares de anjos e demônios insatisfeitos com a situação do mundo.

-O seu caminho para a vitória, Azazel...-disse ele, mas eu o interrompi.

-Começa agora, Destino.-disse eu.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Rise of the Fallen 10: Deadly Omen

Voei até Guerra, pois já chegava de perder meu tempo. Era hora de trazer o fim. Minhas asas batiam, mais rápido do que olhos humanos poderiam ver. Cruzei o oceano em poucos minutos e então senti a presença de meu filho. Era hora de despertá-lo.

Pousei. Era uma floresta extensa e densa. Ninguém em volta. Encostei no chão e então recitei as velhas rimas que abriam os portais. A magia funcionava da mesma forma com a poesia, mas enquanto a poesia tira sua força das emoções, a magia tira sua força da vontade do conjurador. Quanto mais resoluto e obstinado, mais eficiente e capaz é o usuário. Eu, pessoalmente, era quase imbatível nesse aspecto. Tanto tempo acumulando minhas energias. Era a hora de liberá-las.

O portal abriu-se de forma repentina e eu esperei que o gigante saísse, com os olhos injetados de sangue e pronto para um massacre.

Ao invés disso, saiu uma criatura vinte centímetros mais baixa que eu e com um manto cinzento.

-Será possível que TODO meu Apocalipse foi tirado de mim?-gritei.-Quem diabos é você?

A criatura respondeu.

-Não interessa.-respondeu.-Você está atrasado, Guerra já foi libertado.

Pasmei.

-Como assim? Quem diabos é você... e mê de um motivo para acreditar em você. E outro pra não matá-lo.-perguntei.

-Já disse que não interessa. Guerra já foi libertado e morto. Morte já partiu, por suas próprias mãos.-respondeu ele.

-Você ainda não me deu um motivo para não matá-lo.-insisti.

-Você não pode me matar. Eu sou um enviado, não uma entidade. Sou imortal, pois não existo. Você está atrasado, Azazel. O fim do mundo começou muito antes de você voltar. O mundo já está acabando e não tenho certeza se a sua participação é importante. Mas nada o impede de tentar.

-QUEM É VOCÊ?-gritei.-RESPONDA-ME, INFELIZ.

A criatura tirou o capuz que cobria seu rosto. Não tinha expressão, somente uma cabeça com dois olhos e uma boca.

-Eu sou o Destino, Azazel. E sugiro que você modere seu tom ao falar comigo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Guia prático de "foda-se" parte I

Eu reuni algumas frases, que eu ouvi em minha longa e aventurada vida, e posto-as aqui para todos aqueles que precisam desse apoio. Foram frases que REALMENTE fizeram diferença (sem ironia nenhuma).

"Se você não é parte da solução, ENTÃO É PARTE DO PROBLEMA!"

"A vida piora rápido e melhora devagar, e somente a catástrofe é previsível." (Edward Teller)

"As seis fases do desenvolvimento de qualquer ideia são: emoção, desilusão, pânico, busca dos culpados, punição dos inocentes e glória dos não-participantes."

"A inteligência total do mundo é uma constante. E a população está crescendo."

"Sua vida é dividida em golpes singulares de sorte e marés avassaladoras de azar."

"A vida é um travesti: não é o que você acha que é, não serve para o que você quer. E provavelmente vai te foder."

"Se perguntarmos a você se há algo de errado e você responde ‘nada‘, nós agiremos como se nada tivesse errado. Nós sabemos que você está mentindo, mas não vale a pena a discussão."

"Nunca pergunte algo que você não quer saber a resposta."

"Coisas exatamente opostas são iguais em módulo."

"Para tudo na vida, existe uma solução adequada: clara, plausível e errada."

"Um especialista é alguém que sabe cada vez mais sobre cada vez menos, até o ponto em que ele sabe absolutamente tudo sobre absolutamente nada."

"Mais vale um sábia na mão do que uma águia arrancando o seu olho."

Quem gostou, aguarde o volume II.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Rise of the Fallen 9: Morning Star

-Vá, então, Gabriel. Faremos bom uso de sua arma quando a hora chegar.-disse eu.

O anjo abriu as grandes asas regeneradas e então voou. E quanto a mim, era hora de reerguer meu outro filho. As minhas asas abriram-se e aprontei-me para voar. Mas alguém, uma voz conhecida, chamou meu nome.

-Azazel.-disse a voz.-Eu não esperava vê-lo tão cedo. Você está ainda mais desagradável do que da última vez que eu o vi.

Uma gargalhada de escárnio ecoou de minha garganta.

-Ora, ora.-respondi.-Veja se não é o filho bastardo e ingrato. Lucifer. Como vão as coisas naquele buraco que você chama de reino?

-Acho que estão muito melhores do que no buraco de onde você veio. Diga-me: você sentiu falta do calor da vida enquanto estava enterrado? Deve ser horrível. Você, somente. Nenhum outro de nós, nenhum humano. Somente você e terra.

Desgraçado.

-O que você quer, Imundo?-perguntei.

-Ora, acalme-se, Caído. Ou posso chamá-lo de Demônio, já? Eu sei que você não gosta, mas é o que você se tornou, não há nada que eu possa fazer. Eu vim conversar com você sobre a idiotice que você está fazendo.-respondeu ele. Lucifer apresentava-se sem asas. Vestia uma armadura completamente branca e seu cabelo preto e liso passava da cintura. Os olhos eram claros e brilhavam. Era da minha altura.

-Estás com inveja de não ter papel nenhum no Apocalipse, "maninho"? Lhe incomoda saber que você depende de mim para vencer.

Dessa vez, ele gargalhou.

-Poupe-me, verme, de seus discursos. Você sente inveja de mim porque eu fui transformado em rei e você em uma minhoca com asas fadada a esperar que algum outro animal lhe desenterrasse. Você vale menos do que a areia em que estamos pisando. Eu perdi tudo porque eu vi, antes de todos, que nós morreríamos no fim. Eu lutei por nossas existências. Você é do tamanho de seu ideal, Azazel, e você largou tudo para ter uma mulher humana. Fale o que quiser de mim, mas VOCÊ depende de mim mais do que um animal depende de água. Porque se EU decidir não lutar, como você espera enfrentar nosso Pai? Com um caído que não vale sequer uma pena de suas asas e meia dúzia de Eternos? Você é ridículo, Azazel, a escória dentre os demônios. Você sequer pode chamar-se de anjo.

Senti a fúria aflorar de minha essência na forma de energia pura. Devastei milhares de quilômetros. Quando a poeira baixou, ele ainda estava na minha frente.

-Eu vou matá-lo, Lucifer. Escreva minhas palavras, guarde-as, leia-as no teto de seu buraco durante cada noite. Quando os portões se abrirem, Miguel não terá tempo de encontrá-lo. Nem suas penas irão restar, seu desgarrado traidor.

Um sorriso apareceu nos lábios dele.

-Ah, Azazel. Tão humano. Tão patético. Eu estarei esperando você, em frente aos meus exércitos. E você, no fundo, sabe que não tem chance contra mim. Toda a sua raiva e frustração: são mínimas. EU sou o que você sempre quis ser, Azazel. Eu iluminei os Céus durante a gênese, e justo no dia em que seria sua vez, EU novamente estive lá, para atrapalhar seus planos. Eu liderei os nossos irmãos e você, como o verme inútil que é, juntou-se aos outros 5 para nos derrotar. Você sequer venceu Abbadon, ou esqueceste que Raziel salvou a tua pele imunda? Você acha que tem poder, Azazel, mas a única coisa que você tem é um par de asas. E mais nada. Você tem sorte de eu ter esse tempo para lhe lembrar QUEM de nós é REALMENTE um anjo caído... e quem é somente uma pomba indignada. Adeus.

E sumiu.

-Lucifer. Quando o sangue verter de sua garganta, você não conseguirá mais rir. E eu olharei para o seu rosto desesperado... e sorrirei.

domingo, 5 de setembro de 2010

Rise of the Fallen 8: Destiny

-Acompanhe, e lidere, os Eternos.-disse eu.

-Não entendo porque você se aliou a eles.-respondeu Gabriel.

-Porque não existe rei sem escravos.-respondi.-Aqueles idiotas podem ser úteis, mas não sem alguém para dizer o momento no qual eles devem morrer. Sukht.

As correntes soltaram-se dos punhos de Gabriel. Estava livre para fugir, mas eu sabia que ele não iria. A essas alturas, todos os anjos do mundo já tinham ideia de que ele talvez estivesse morto ou pior, ao meu lado. Batalhas entre anjos não são muito duradouras.

-Então, estás livre. Voe, se quiser.-disse eu, estalando os dedos. As asas dele cresceram de novo.-Mas não acho que vão aceitá-lo de volta.

Seus olhos ficaram marejados de lágrimas.

-Dor. Você só sente quando cai. Bem-vindo, meu irmão.-disse eu, fingindo tristeza.-Vá. Encontre os Eternos. Derrote algum deles e aproprie-se de sua arma, pois são poucas as coisas capazes de matá-los.

-Não se preocupe.-disse Gabriel, com um sorriso.-Eu tenho algo que pode fazer isso.

Por um momento, enquanto ele desembainhava sua arma, eu fiquei confuso. Mas tão logo vi o que era, fiquei infinitamente mais confuso. Não era possível que alguém como ele estivesse com algo como aquilo.

-Mas isso...-disse eu, com um sorriso de orelha a orelha.-Isso é a Lança do Destino.