domingo, 29 de julho de 2012

The death of the Shadowlord

-Do que você está falando, Senhor das Sombras?- perguntou Revés.

-A verdade é que eu não posso levar meu plano adiante, Revés.-respondi a ele.-É simples. Sem a Lança do Destino, a verdade é que eu estou dividido, e a dúvida me consome. Não posso continuar enquanto eu estiver dividido.

-Então você veio até aqui  para MORRER?- disse ele, incrédulo.

-Eu vim aqui para realizar um último sacrifício, meu irmão. Você, melhor que qualquer um, sabe que eu preciso de convicção para fazer o que devo fazer. E essa convicção está oculta, agora, sombreada por outras ideias. Guerra, se meu sacrifício for aceito...

-Eu serei libertado.

-Revés... detenha-o se isso acontecer.

-QUE?-perguntou meu irmão.

Ajoelhei-me, com os olhos fixos em Guerra. Ele sorria. Saquei minha Lâmina e então enterrei-a em meu peito. Senti dor, muita dor. Senti minha essência se partindo, senti o mundo desvanecendo ao meu redor. Meu poder se esvaía, lentamente. Ouvi Guerra gargalhar e também vi Revés desesperado. Sim, o que eu fiz foi errado. Mas era necessário.

Era a única forma.

Um jorro de energia emanou de meu corpo enquanto minha essência era partida.

Tão logo a luz cessou, pude ver expressões de espanto no rosto de Revés e de Guerra.

-Eu, Orgulho, liberto o Cavaleiro do Apocalipse, Guerra, com o sacrifício do Senhor das Sombras. Que ele seja, para sempre, levado de mim.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

War always costs the highest of all prices...

-Então, qual é o seu plano?-perguntou Revés, enquanto íamos até o próximo Cavaleiro.

-Matar todos eles. Um por um.-respondi.

-Simples assim?

-Sim.

Caminhar entre os mundos é interessante. O tempo não passa da mesma forma, pois tudo varia de acordo com a força de vontade de quem perambula pelo Véu. Revés é um dos mais talentosos, poderosos - e insano - magos de minha raça. Eu, por outro lado, sou uma das criaturas mais resilientes que já pôs os pés no Mundo dos Espíritos. O tempo ao nosso redor se distorcia quase que à nossa vontade, e nós sabíamos disso. Cruzamos centenas de quilômetros em questão de minutos, sob os olhares de espíritos menores ou de mercadores de almas. Algumas almas particularmente perturbadas tentaram aproximar-se de nós, mas Revés espantou-as com um mero olhar.

Revés tinha uma fascinação esquisita por almas.

Eu, sinceramente, não.

Foi somente quando nos aproximamos da entrada do Plano onde Guerra estava preso que a paisagem mudou. O deserto tornou-se planície e as almas e espíritos deram lugar aos cadáveres. Milhares deles, espalhados por todo lugar. Inúmeras lanças e espadas partidas estavam no chão, e dizem que muitos ocultistas se aventuram por essas proximidades procurando artefatos, sem jamais sequer desconfiar que estavam próximos a uma das mais poderosas entidades do planeta.

-Então... esse deve ser o plano onde Guerra está preso.-disse Revés.

-Você tem alguma ideia de como eu posso abrir o portal?- perguntei.

-Deixe-me tentar uma coisa...-disse ele.

Percebi uma certa incerteza na voz dele... basicamente, era a única coisa que havia na voz dele.

Revés murmurou algumas palavras e então tirou uma chave de seu bolso. Ele encostou-a na testa... e então quebrou-a.

Um enorme buraco negro se formou, do mais absoluto nada, e irresistivelmente tragou-nos para dentro. Eu tive a sensação de que eu estava sendo engolido por um behemoth gigante que estava sendo predado por um dragão marinho, a mais de onze mil metros de profundidade.

Foi extremamente desagradável.

Quando aquilo tudo terminou, nós estávamos perante o Cavaleiro.

-Senhor das Sombras... que bom vê-lo. Antes que possamos acertar nossas contas, você deve fazer um sacrifício em minha homenagem... sacrifique aquilo que lhe é mais precioso.

Olhei para Revés.

-Foi pra isso que você me trouxe?-disse ele, desconfiado.

-Sim... para que você seja a testemunha de meu próprio sacrifício.-respondi

sexta-feira, 20 de julho de 2012

When the brothers ride together again...

-Como posso saber que você não vai ordenar que suas formigas tentem me morder depois de eu lhe entregar a Lança?-perguntei.

-Porque, ao contrário de você, eu sou honrado.

-Se tem algo que descobri em minha vida, foi que anjos honrados tem dois fins: ou caem, ou morrem. Se você ainda é celestial, é porque põe sua honra abaixo de seu dever. Eu não vou arriscar tanto em nome da sua honra.

Aquilo irritou Gabriel profundamente, mas vi que ele se conteve. Aquilo era um jogo de xadrez com peças capazes de matar umas às outras mais rápido do que seria saudável. Eu estava muito mais poderoso do que eu era quando me deparei com ele pela primeira vez, mas Gabriel tinha a vantagem diplomática de estar com Revés. Um erro dele e eu acharia um jeito de salvar Revés e então chaciná-los. Um erro meu e ele mataria Revés.

-Façamos assim. Você crava a Lança na exata metade do caminho e então eu liberto Revés.-disse Gabriel.

-Se você hesitar, que seja por um segundo... eu juro...

Fiz o que ele disse, percorri metade do caminho e cravei a ponta de lança no chão. Aquilo era exatamente como lidar com os explosivos que os humanos faziam. Um erro, por mais banal que fosse, e estava tudo destruído.  E não iria ser nem um pouco agradável.

Recuei pacientemente, e então ouvi Gabriel dizer alguma coisa na direção de Revés. As correntes se soltaram e então meu irmão esticou as mãos. O anjo caminhou até a Lança e então tirou-a do chão.

-Foi um prazer negociar com você, Orgulho.

-Desapareça.

Gabriel, bem como seu séquito de idiotas, sumiu.

-Orgulho.

-Revés.

Por um momento, rimos. De novo, como já era de costume, o destino nos trazia de volta para o campo de batalha.

-Será que haverá um dia em que finalmente teremos paz, irmão?-perguntei.

-Talvez... mas acho que você não vai aguentar muito tempo sem estragar tudo.-disse ele, ainda rindo.

domingo, 15 de julho de 2012

A trick of Fate, about Misfortune and Destiny

Terminou, mas é uma sensação estranha.

Quase como se eu tivesse perdido uma parte de mim.

A parte que desejava vingança.

Abri minhas asas e então esperei enquanto abria meu portal para fora daquela dimensão tenebrosa. A morte de Peste significava um cavaleiro a menos em meu objetivo, mas eu ainda teria que enfrentar outros três. Fome, Guerra e Morte. Talvez eu devesse começar por Guerra... seria o inimigo mais óbvio.

Meu plano era simples: se eu matasse os Cavaleiros, eu cessaria a sua influência sobre a Terra. Eles surgiram como ferramentas para o fim do mundo, mas seu poder cresceu e eles decidiram tramá-lo. Existem muitas coisas que eu odeio na existência, mas eu quero poder continuar odiando-as. O fim do mundo não era uma perspectiva agradável, e, aparentemente, eram poucos os que sabiam que estávamos nos aproximando dele.

Ouvi um farfalhar de asas tão logo eu voltei para o mundo físico. Sorri.

Anjos. Eu adoro anjos. Especialmente quando mortos.

-O que você fez, Eterno?-perguntou o líder da falange, Gabriel.

-Não é da sua conta, pomba.-respondi.-Desapareça do meu caminho.

-Ah, certamente é da minha conta. Sabe, eu não costumo me irritar com as suas atitudes, Senhor das Sombras. Pelo contrário, acho engraçada a forma como você lida com seus problemas. Você tornou-se uma besta completamente incapaz de prever suas consequências...

-Se eu ouvir mais uma nota em sua voz que me desagrade, terão sido as suas últimas palavras. Eu não preciso ouvir absurdos de uma criatura cuja única função é ser enchimento de travesseiro. Lucifer não me enfrentou: não me faça rir de você.

-Se eu estalar meus dedos, uma falange inteira estará aqui antes de você piscar.

-Se eu estalar os meus, sua falange inteira estará morta antes de pisar no chão.

Ele estalou os dedos. Eu saquei minha arma.

Mas ao invés de uma falange inteira aparecer, somente uma criatura apareceu. Uma criatura corvídea que eu instantaneamente reconheci como meu irmão. Revés. Seus braços estavam presos por uma corrente de aspecto antigo, mas eu sabia o que ela realmente era. As Correntes de Asmodeus só podem ser soltas por quem as prendeu.

-REVÉS!-berrei.-Eu espero que você tenha um plano de escape, porque...

E então apareceu a tal falange. Desgraçado.

-Sim, você talvez consiga me matar e matar todos nós, mas... esses anjos estão dispostos a ignorá-lo para matar Revés. Então, eu sugiro que você pense bem nas suas atitudes.

Olhei ao redor. Eram trinta ou quarenta... talvez levasse uns três minutos. Droga, não é suficiente.

-O que você quer?

-O que mais seria, Senhor das Sombras... nós trocaremos seu irmão pela Lança do Destino.



terça-feira, 10 de julho de 2012

Pandora's Box and the End of the Eternity

-Você não ousaria, Esperança.- vociferei.

-Eu não ousaria? Você enlouqueceu, Orgulho! O que você se tornou?-disse ela.

-EU ERA UM GUERREIRO, ESPERANÇA! A SUA TRAIÇÃO FEZ DE MIM UM ASSASSINO!

-Eu não lhe forcei a nada, Orgulho.

-Mentira. Você me forçou, sim. Você me forçou a matar para viver. Você era quem eu tinha, Esperança, era em você que eu confiava! Mas você optou por se vender para Fanatismo...

-Não ouse falar comigo desse jeito, Senhor das Sombras. Eu já ouvi o suficiente de você.

-Ah, não. Você não ouviu nem metade... Você é a mais podre dentre todos os Eternos, Esperança. Você é a representação de tudo que nós não deveríamos ser... o que você trouxe para a nossa raça?

-E o que VOCÊ trouxe, Orgulho? Morte, destruição?

-Eu trouxe ordem. Eu nos juntei no momento em que era necessário e nos separei quando era o que tinha que ser feito. Eu fiz mais pelos Eternos do que você fez por qualquer entidade nesse planeta. Você nunca deveria ter saído dessa caixa.

-Eu trouxe luz pra esse mundo, Orgulho. Os deuses quiseram que eu fosse liberta.

-Sim, você trouxe luz para o mundo. Mas você sempre se esqueceu que não existem sombras quando não existe a luz. Você pode ter trazido um pouco de luz... mas só o que fez foi trazer à tona as trevas.

Esperança largou a Caixa de Pandora. Ela puxou seu sabre, e minha Lâmina desapareceu da bainha para aparecer em minhas mãos.

-Lutaremos de novo? Você sabe como isso acabou da última vez.

- Dessa vez, será diferente. Aquele que for derrotado, volta para a Caixa. Você concorda?

-Sim.

Esperei Esperança atacar. Não vou correr riscos: cheguei longe demais para jogar limpo contra uma entidade como ela. Ela teve inúmeras chances de se redimir, e tudo que fez foi afundar mais. Era a hora de dar um fim nela.

Tão logo ela me atacou, eu fui em direção à Caixa. Minhas mãos fecharam-se sobre ela e então eu abri a tampa. Proferi o encantamento tão rápido quanto pude, e nunca esquecerei a expressão de Esperança quando ela foi presa de novo:

"Pelo sol que brilha acima de nós
E como guardião do artefato de Elêusis
Eu, Orgulho, declaro que sou
Capaz de desfazer a vontade dos Deuses

Se, no mundo, há de haver a justiça
Que seja, sua arma, a vingança
E por meu poder, sob os olhos do universo,
Declaro aqui o fim da Eterna, Esperança."

Explosão.

Senti o universo tremer aos meus pés e minhas mãos queimaram. O que eu tinha feito era mais do que simplesmente matá-la. A caixa de Pandora era o único artefato conhecido até hoje que era capaz de destruir plenamente um Eterno. Ela foi criada para conter-nos, e os deuses levaram milhares de anos para prender cada um dos Eternos que estiveram naquela caixa. Quando Pandora abriu a caixa, ela os libertou no mundo, e eles queriam vingança. Esperança, no entanto, só foi libertada muito depois... e sua libertação teve consequências que fizeram os Mares do Destino correrem no sentido contrário.

Mas agora não mudava mais nada.

Ela estava destruída.

Para sempre.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Cross my Heart... and Hope to Die!


Eu vi civilizações surgirem e desaparecerem quando aquela lâmina fez verter o sangue de uma divindade.

O primeiro, dentre os quatro, tinha me custado muito. Recuperar a Lança do Destino tinha sido arriscado, e eu certamente não teria conseguido sem ela. Ainda não entendo como consegui pegá-la de seu antigo dono...

-Sabe o que é mais engraçado nisso tudo, Peste? Eu conheci inúmeras entidades que nasceram como mortais e se eternizaram como deuses... Mas você é o primeiro que eu vejo nascer eterno... e agora morrer como um simples mortal.

-Ah, Orgulho... A minha morte trará um futuro mais sombrio do que a mais sombria de suas perspectivas.- respondeu o Cavaleiro moribundo.

-Eu bebi a água do Mar do Destino. Eu conheço o futuro.

Ele gargalhou.

-Nossa, nunca pensei em fazer isso. Eu seria imortal se fizesse... você é mais tolo do que parecia, Orgulho. Você matou uma divindade, uma entidade que faz parte do equilíbrio desse mundo... e a partir de agora, você colherá o que está semeando.

-Suas ameaças são vazias, Peste.

-Não... vazias são as suas esperanças.

Desgraçado. Esperança, como eu pude esquecer dela?

-E por falar nela...-riu Peste.

-Eu já vi você fazer coisas idiotas, Orgulho... mas talvez eu não tenha usado força o suficiente.-disse Esperança.

Matar Peste utilizando a arma mais poderosa que existe foi difícil. Está certo... eu absorvi Lil'Siztah e tenho praticamente os poderes de uma divindade. Mas eu nunca gostei de enfrentar Esperança.

-Você ousa me enfrentar, mesmo sabendo que o poder de um deus agora me pertence?

E foi somente quando eu olhei para Esperança que entendi o quão ferrado eu estava... nas mãos dela, não tinha arma nenhuma. Ela não estava ali para me matar.

Nas mãos dela, somente um pequeno baú.
No rosto, um largo sorriso.

A Caixa de Pandora... diabos, como eu esqueci disso?