-Então, qual é o seu plano?-perguntou Revés, enquanto íamos até o próximo Cavaleiro.
-Matar todos eles. Um por um.-respondi.
-Simples assim?
-Sim.
Caminhar entre os mundos é interessante. O tempo não passa da mesma forma, pois tudo varia de acordo com a força de vontade de quem perambula pelo Véu. Revés é um dos mais talentosos, poderosos - e insano - magos de minha raça. Eu, por outro lado, sou uma das criaturas mais resilientes que já pôs os pés no Mundo dos Espíritos. O tempo ao nosso redor se distorcia quase que à nossa vontade, e nós sabíamos disso. Cruzamos centenas de quilômetros em questão de minutos, sob os olhares de espíritos menores ou de mercadores de almas. Algumas almas particularmente perturbadas tentaram aproximar-se de nós, mas Revés espantou-as com um mero olhar.
Revés tinha uma fascinação esquisita por almas.
Eu, sinceramente, não.
Foi somente quando nos aproximamos da entrada do Plano onde Guerra estava preso que a paisagem mudou. O deserto tornou-se planície e as almas e espíritos deram lugar aos cadáveres. Milhares deles, espalhados por todo lugar. Inúmeras lanças e espadas partidas estavam no chão, e dizem que muitos ocultistas se aventuram por essas proximidades procurando artefatos, sem jamais sequer desconfiar que estavam próximos a uma das mais poderosas entidades do planeta.
-Então... esse deve ser o plano onde Guerra está preso.-disse Revés.
-Você tem alguma ideia de como eu posso abrir o portal?- perguntei.
-Deixe-me tentar uma coisa...-disse ele.
Percebi uma certa incerteza na voz dele... basicamente, era a única coisa que havia na voz dele.
Revés murmurou algumas palavras e então tirou uma chave de seu bolso. Ele encostou-a na testa... e então quebrou-a.
Um enorme buraco negro se formou, do mais absoluto nada, e irresistivelmente tragou-nos para dentro. Eu tive a sensação de que eu estava sendo engolido por um behemoth gigante que estava sendo predado por um dragão marinho, a mais de onze mil metros de profundidade.
Foi extremamente desagradável.
Quando aquilo tudo terminou, nós estávamos perante o Cavaleiro.
-Senhor das Sombras... que bom vê-lo. Antes que possamos acertar nossas contas, você deve fazer um sacrifício em minha homenagem... sacrifique aquilo que lhe é mais precioso.
Olhei para Revés.
-Foi pra isso que você me trouxe?-disse ele, desconfiado.
-Sim... para que você seja a testemunha de meu próprio sacrifício.-respondi
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