terça-feira, 23 de agosto de 2011

Do Tomo Desconhecido de Fúria - "Let the Hammer Fall..."

Tão logo Orgulho terminou de absorver-me, eu entendi o que havia acontecido.

O martelo de Thor é capaz de destruir um Eterno com apenas um golpe. Se aquele golpe tivesse me acertado, eu teria sido destruído. Orgulho, ao absorver-me, não apenas salvou minha existência como também tornou-se mais forte para enfrentar o Matador de Gigantes. E, por mais que, para mim, toda essa situação fosse impensável, Orgulho fora tocado pela Loucura. Sua mente era capaz de pensar em inúmeras coisas ao mesmo tempo.

E, portanto, ele foi capaz de prever esse acontecimento.

-Inesperado, Eterno. Por mais que eu despreze sua raça, a facilidade de vocês para trair uns aos outros ainda me surpreende.

-Alegre-se, Thor. Essa foi a última traição que você viu.-respondeu Orgulho.

O martelo voltou à mão de Thor. Ele e Orgulho se encararam e eu, como parte de Orgulho, pude sentir tanto medo quanto hesitação. A mão de Orgulho embainhou a Lâmina Eterna e sacou a Lança do Destino.

Thor, em resposta, assumiu a forma híbrida que é comum a todos os lobisomens.

"Orgulho... se você morrer... eu o mato de novo quando nós voltarmos..." disse a ele.

"Não se preocupe, meu velho amigo.

Eu não vou morrer." respondeu ele, com um tom de superioridade na voz.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Do Tomo Desconhecido de Fúria - "When you hear thunder's mighty roar..."

-Eu talvez não o tenha ouvido direito, Eterno. Devo eu acreditar que ameaçaste matar-me?

-Sim, Thor.-disse Orgulho.

Eu estava pasmo. Orgulho era... orgulhoso, talvez até arrogante. E louco. Mas isso era demais: desafiar o matador de gigantes não era uma loucura...

Era um suicídio.

E o pior: ele me trouxe. Se quer se matar, que o faça sozinho.

-Convoco um duelo, neste caso.-disse Thor.

-É justo.-respondeu Orgulho.

E foi tudo muito rápido. Thor arremessou seu martelo, enquanto Orgulho sacou sua Lâmina e desferiu um golpe.

Ambas as coisas em mim.

O golpe de Orgulho acertou-me primeiro. Senti minha essência ser sugada lentamente para dentro da Lâmina.

-O que...?- gaguejei.

-Você pode não entender agora, mas você me deve uma.-disse ele.

E então comecei a desaparecer. O martelo de Thor passou por mim. Sem o golpe de Orgulho, ele teria me acertado. Não importava.

Orgulho traiu-me.

E eu não tenho a menor ideia do porque.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

You will find a new allegiance, like a beacon in the night...

A noite é sombria, tanto no sentido literal quanto figurado.

Eu talvez esteja enfrentando a batalha mais difícil de minha vida, e o faço em uma noite escura, solitária e fria.

O que faz de nós quem realmente somos? Somos aquilo que grita em nossos corações, um grito agoniado e forte, que nos leva adiante quando nada mais parece estar próximo nessa escuridão cretina? Ou somos a chamada racional de nossas mentes perturbadas, exaustas, incapazes sequer de reagir aos mais simplórios estímulos da lógica?
A verdade, talvez, esteja distante na escuridão, onde luz nenhuma alcança, seja ela da razão ou da emoção. Seria essa verdade adiante, incapaz de ser descoberta, um metamorfo imprevisível ao qual chamamos de destino? A música: é ela composta pela melodia e pelos timbres... ou será ela uma forma quase matemática, a soma dos compassos e dos tempos?

Será a vida uma música? Será ela uma orquestra animada ou um réquiem funesto? A vida tem, tal como a música, seus crescendos e diminuendos, por certo. Mas a música tem um quê a mais, também. O andamento pode dizer muito sobre uma música: sua intenção, seu significado. Será a vida uma triste balada? Ou uma alegre orquestra? A vida faz como a música? Teria ela uma “intro” onde poderíamos perceber o que acontecerá conosco? Ou será que a vida se comporta como um relâmpago, cuja trajetória é imprevisível até que seja vista?

Muitas perguntas. Muitos medos.

E então eu contemplo a mim mesmo, nesse recanto que consegui formar. Me refugio nestas palavras, ao som de uma música que pra mim tem um significado muito intenso. O frio da noite, que assola os menos afortunados, é bloqueado por um cobertor. O computador no meu colo torna-se uma extensão de minha mente, transformando em palavras o que para mim são emoções incompreensíveis. Não consigo lembrar-me do que já escrevi até agora, mas as palavras vem a mim como se precisassem tanto de mim quanto eu preciso delas. Como se implorassem a mim que desse uso a elas, desse-lhes uma razão para existir. O que seria de nós mesmos se nós não fôssemos capazes de escolher uma razão para existirmos? Uma batalha para lutarmos? Se não tivéssemos, em nossas vidas, coisas pelas quais morreríamos?

É nessa melodia de sons e silêncio, que me encontro. O silêncio que seria próprio da noite é cortado pelo ruído de ônibus e carros que passam na rua. Vozes vindas de outros quartos trazem a humanidade de volta ao meu mundo quase selvagem. No entanto, mesmo com a música, há momentos de silêncio: momentos em que eu simplesmente ignoro as vozes, a música, os ruídos vindos da rua. O gosto de cigarro em minha boca lembra-me que minha maior fraqueza são as coisas às quais eu me entrego. Seria isso o discurso clássico do viciado... ou a voz ressoante de um homem em busca de si mesmo?

domingo, 7 de agosto de 2011

Despair-ridden Hearts

Todas as pontes, em chamas!
Enquanto avante e avante andamos
A fumaça sobe alto e mais alto
Em direção ao céu que sempre escurece

Tão rápido tudo girou
E o mundo caiu
E agora é tudo uma ruína caótica...

Misteriosa safira ardente
O anúncio da perdição que se aproxima
Brilhando terrível e violenta (violenta)
É a sempre assombrosa lua

Tão rapidamente tudo rodopiou
E o mundo acabou
Agora é tudo uma ruína caótica

Nós chegamos tão longe
Nós chegamos tão longe
Tão profundamente feridos e marcados
Nossos corações atormentados pelo desespero
Frágeis como somos, frágeis como somos
Firmemente unidos permaneceremos até o mundo acabar

Nós chegamos tão longe
Nós chegamos tão longe
Tão profundamente feridos e marcados
Nossos corações atormentados pelo desespero
Frágeis como somos, frágeis como somos
Firmemente unidos permaneceremos
Firmemente unidos permaneceremos
Firmemente unidos permaneceremos
Até o mundo acabar...

Em homenagem a todos aqueles que eu sei que estarão comigo até o mundo acabar...
"Sabe, a grande diferença entre viver e estar vivo, é que quando você vive, você faz as coisas que acha que deve e lamenta as que quis fazer e não pode. Quando você está simplesmente 'continuando vivo', você faz tudo pensando no que virá depois e não aproveita o momento fantástico chamado 'presente'."

sábado, 6 de agosto de 2011

Do Tomo Desconhecido de Fúria - "You've been... thunderstruck!"

Olhei para Orgulho, com um misto de terror e admiração.

-O Matador de Gigantes.-disse para ele.

-Sim. Ele mesmo.- Orgulho me respondeu sorrindo.

Nada fazia sentido. Porque diabos Orgulho iria querer enfrentar alguém cujo nome inspira mais terror do que o nome dele próprio entre aqueles de nossa espécie? É incompreensível. O matador de gigantes tem esse nome não porque matava "gigantes" propriamente, mas porque matava criaturas de poder gigante.

Nós.

Orgulho andou pelo mundo dos mortais, etéreo. Ninguém conseguia sentir sua presença, exceto talvez pelos mortais mais sensíveis, por quem um frio corria pela espinha quando sentia a presença do Eterno. Andei junto, mas nada confiante. O Matador de Gigantes sabia que estávamos aqui, e não estava feliz com isso.

E então Orgulho parou.

-Eu o sinto.-disse ele. Alçou asas e voou para cima de um prédio, comigo em sua esteira.

Um homem enorme estava encostado na beirada do tal prédio. A chuva caía em seu corpo, mas ele não dava sinal de estar incomodado.

Não por aquilo.

-Vocês.- disse ele, com uma voz retumbante.-Vocês não deveriam estar aqui. Saiam agora ou eu irei matá-los, como fiz com inúmeros de vocês.

-Acalme-se, meu caro. Tal como você, eu também matei inúmeros de minha espécie.-disse Orgulho. E então continuou.

-Mas diferentemente de você, eu não morrerei essa noite, Thor.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

You deny the darkness in your soul...

Eu talvez tenha lutado demais contra mim mesmo, para me manter da forma que eu achava "certa". Evitei os pensamentos sombrios. Talvez tenha fingido de que a forma que eu era antigamente era melhor do que a que eu tinha tomado. Que meu caráter paladínico era o que realmente fazia de mim o que eu era.

Não era isso. E agora eu admito isso.

O que eu vou fazer é deixar aquilo que eu retia como a "escuridão de minha alma" tomar o controle. Eu vou ser as sombras, eu vou ser o medo, a raiva, o ódio. Eu vou ser a pessoa que eu fui, gostei de ser e depois me arrependi.

" 'I am not a thing of hate. I am a thing of love. I love you all so much. I covet your flesh, your breath, your passion. I crawled into this vessel because I love it so. Be not afraid. I am not your enemy - I am the best friend you never knew you had.'

Por Emily Kin, chamando a si mesma de 'Higurazel'."

-Extraído do livro Inferno, da White Wolf

Então é isso. Aceito a mim mesmo, daqui por diante, não como o anjo, o guerreiro... não como o Orgulho. De agora em diante, declaro-me como parte do Ministério dos Espantalhos (The Scarecrow Ministry).

Agora, sou o Senhor das Sombras. E que venham as tempestades.

I am back as the devil you all knew.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

You can't deny your fate... deny your fate...

Destino.

Essa palavra, na minha opinião, é uma das que eu mais tenho dificuldade em definir se acredito ou não. Se as coisas são predestinadas, seja pelo determinismo científico ou pelo destino "sobrenatural" em que muitos acreditam. Para mim, a maior dificuldade em entender o destino é que é impossível colocá-lo à prova.

E, no entanto, algumas vezes é tão confortável acreditar que as coisas estão predestinadas a ser como são. Que cada coisa que acontece era a única possibilidade...

Alivia tanto a culpa.

Culpa.

Das emoções que eu conheço, a culpa é uma das mais responsáveis por eu ser quem eu sou. Não só sentí-la, como também evitá-la, fez com que eu desenvolvesse meu caráter de uma forma que é incompreendida para algumas pessoas. É uma emoção que eu não gosto de sentir, mas me conforto por sentí-la: quando se sente culpa, é por um erro que admitimos. E admitir um erro já é grande parte de entendê-lo ou de justificá-lo. No entanto, ainda assim, a culpa não vem só quando cometemos erros: vem toda a vez que fazemos algo que não temos certeza se valia a pena ter sido feito, e que resulta em sofrimento alheio.

Certeza.

Seria tão bom se, além de muita culpa, eu também pudesse ter um pouco de certeza...