quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Homenagem à Porto Alegre

Tá foda,
Cidade do diabo
Tá quente pra caralho
Não tem ar condicionado

E é sinistro
Parece ferro fundido
Trinta graus já é batido
O bagulho aqui é fodido

É assustador
O calor aqui é constante
Não tem brisa refrescante
Parece o inferno de Dante

Mas não esqueça
Que é o pior lugar do mundo
Se o Inferno é na Terra
Porto Alegre tá no fundo...

(2x)
Pra te enlouquecer
Pra te enlouquecer
No verão de Porto Alegre
O calor é de foder

(2x)
É quente, é quente, é quente, é quente
É quente, é quente, é quente, é quente
O verão nessa cidade
É pra ferrar com o vivente.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

The Mercenary

"A vida de um caçador de demônios não é nada fácil. Você perde sua pele... perde sua cabeça, algumas vezes.

O pior de tudo é ver que os programas de TV acham 'bonito' ter caçadores de demônios. Isso me irrita profundamente, porque é sempre algo muito bonito ou muito glorioso. Não é. Tu mata gente, pessoas que não tinham nada a ver com essa merda toda porque... bom, porque os demônios e o resto da corja sobrenatural botam elas no meio.

O pior é que nunca realmente termina. Você mata um e vem outro se vingar. Ou então aquele que você matou da um jeito de voltar e tenta matar você. A minha vida consiste basicamente em fugir de alguns e enfrentar os outros, mas na realidade...

Eu não tenho para onde fugir.
Eu não tenho onde me esconder.
E eu preciso matar pra poder viver.

Não é bonito e nem glorioso. É uma merda tão fodida e que fode tanto com a tua cabeça que a maioria dos meus sonhos são piores que a realidade. A maioria das minhas boas memórias envolvem 'sair vivo' ou então uma cicatriz particularmente marcante. As pessoas que eu amei ou foram embora ou morreram... às vezes, ambos. Mas agora não tem volta, eu já comecei e vou ter que ir até o fim. É o peso, literal e figurativo, das minhas correntes que me mantém nisso tudo.

Eu odeio ver pessoas vangloriando caçadores de demônios ou se sentindo emocionadas pelo sacrifício que eles fazem em nome da humanidade. NÃO! Nós não somos dignos de honra...

Somos dignos de pena.

Porque toda vez que entramos em um combate com um demônio, não pensamos 'eu estou salvando milhares de pessoas' ou 'meu trabalho é importante'. As únicas coisas que passam na cabeça de um caçador de demônios são as seguintes frases:

Não demonstre sentir medo.
E não demonstre sentir dor."


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Wasting Love

Bom, na mesma linha do que eu escrevi pro André (Farewell), o Bruno Paini foi outra pessoa que deu uma mão no ano passado. Além disso, a gente jogou League of Legends o ano inteiro e ele me deu uma mão pra sair do Elo Hell. Como meu presente de formatura, o máximo que eu posso fazer é o que vem a seguir.

“Eu fico pensando: como minha vida seria se eu fosse normal?

Quero dizer, talvez um dia eu seja um homem honesto. Por ‘honesto’, eu quero dizer “alguém que faz o que diz e que pode ser digno de confiança”. Mas eu não sou, porque eu tenho que ser tão insidioso quanto os demônios que eu caço... e que me caçam. Então eu vivo assim, com uma paranóia interminável, sempre observando, sempre de olhos abertos, do nascer do sol ao por do sol e assim sucessivamente.

Eu também penso se as coisas seriam melhores se eu tivesse alguém que caçasse junto comigo... mas eles normalmente morrem, ou fogem. Os mais sortudos fogem. Eu sou obrigado a viver sozinho, porque qualquer um que se aproxima de mim é um alvo em potencial. Eu passo meus dias completamente sozinho porque já tive aliados o suficiente pra saber que não é saudável pra eles. Talvez seja meu destino, viver sozinho. Eu já tentei aceitar isso, especialmente depois da morte dela, mas é tão difícil...

Mas não. Eu tenho um motivo para fazer isso. Eu tenho as minhas correntes, e elas são o suficiente. Nas mãos erradas, elas seriam muito problemáticas. Eu tenho que defendê-las e, até agora, eu estou fazendo o melhor que posso.

E quanto aos amigos que perdi...

Eu garanto que irei lembrar deles... e evitarei que suas vidas sejam cobertas pelas areias do tempo.”

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sympathy for the Devil

A gente adquire um monte de coisas quando começa a faculdade. Conhecimento, dores de cabeça, dúvidas, frustrações, alegrias. Sim, muitas dessas coisas. Mas de todas as coisas que eu conquistei no curso de biologia, talvez nenhuma tenha sido tão importante quanto essa. Nenhuma outra coisa esteve comigo SEMPRE que eu precisei. Nenhuma outra coisa me disse a verdade quando ela tinha que ser dita e, na biologia, nenhuma coisa me deixou tão claro o quanto o vínculo de “sangue” é pequeno perante a infinidade de possibilidades que é uma amizade.

Ivi, essa é pra ti.

E a música que ela escolheu já está no título.

“Decidi começar a escrever as catástrofes que acontecem comigo pra quando algum idiota me matar por causa dessas malditas correntes, eu pelo menos tenha feito algo produtivo em vida... talvez produtivo o suficiente pra limpar a minha vergonha por ter falhado.

Então, por favor, permita que eu me apresente. Eu não sou um cara de riquezas e bom gosto. Não. Eu tenho um Del Rey velho e um apartamento caindo aos pedaços que mal cabe metade da minha mobília. Eu fumo charutos vagabundos, cigarros baratos e a minha coleção inteira de whiskeys não soma trinta dólares. Eu tenho tatuagens, incluindo uma corrente, a corrente pela qual provavelmente me mataram. Eu sou paranóico e fiz um sistema de vigilância com minha câmera fotográfica que ficou tão precário que não durou um dia. Eu tenho um monte de armas velhas e livros com tanta poeira que seria considerado homicídio doloso se eu abrisse um deles na frente de alguém alérgico a pó.

Mas eu não cheguei tão longe assim sendo um fracassado. Eu passei por cima de muita coisa. Eu lutei com cultistas tão velhos que fariam o atraso no lançamento do ‘Chinese Democracy’ parecer uma semana. Eu enfrentei demônios tão horríveis que muitos iriam preferir assistir o filme do Justin Bieber durante dias a sequer ter que olhar para eles. E sim, eu vi gente morta. Com que freqüência? Maior do que eu gostaria. Muitas vezes, gente de quem eu gostava. E foi isso tudo, e o diabo do legado das correntes, que me fez seguir adiante. Isso e, algumas vezes, vingança. Eu já passei por tanta merda que nem sei se a coisa pode piorar.

Não sou conhecido. Não espero que você adivinhe meu nome.

Meu nome é Ivan Della Rey.

E, como você provavelmente percebeu (e se não percebeu, como diabos eu morri contra alguém burro que nem você?), eu não tenho a menor simpatia pelo Diabo.”

domingo, 15 de janeiro de 2012

Amigo Nenhum

Bom, eu não vou me delongar muito. A gente entra em alguns grupos conhecendo apenas uma pessoa e, de repente, em questão de meses... aquele grupo te faz se sentir em casa. As pessoas desse grupo te entendem, se divertem contigo... mas quando a coisa fica séria, eles mostram pro que vieram. No exato momento em que a minha turma da faculdade se dispersou, eu fui agraciado com um grupo assim. E a música dessa postagem foi escolhida por uma pessoa desse grupo.
A Alícia.
Então, aqui está:

“Eu realmente cometi alguns erros grotescos. Sim, acontece com todo mundo, especialmente com gente fodida na vida que nem eu. Mas acho que das idiotices que eu fiz na minha vida, nenhuma foi mais estúpida do que quando eu me mudei pra essa cidade.

Eu lembro que quando entrei com meu Del Rey nas primeiras ruas do centro, tive uma sensação filha da puta. Olhei para o espelho e disse ‘caralho, eu acabei de chegar e já me arrependi’. Sim, foi uma merda. E o pior não é isso: é a imundície disso tudo. Eu moro aqui há vinte anos... essa cidade cresceu que nem tênia em barriga de gordo. E continua TUDO sujo, continua tudo realmente MUITO feio. Eu ando por essas ruas e o cheiro me dá náuseas. Eu já estive em necrotérios abandonados e nunca sequer tive vontade de vomitar, e ainda assim o cheiro de esgoto do centro disso aqui me derruba. E isso não é o pior.
As pessoas são desagradáveis. Eu entendo perfeitamente porque isso aqui é cheio de demônios: todo mundo é tão podre que eles devem se sentir em casa. E não para por aí: não são só as pessoas que são horríveis. Eu sou uma pessoa que gosta de frio, sim. Mas aqui, o inverno é foda... a neve faz com que seja complicado até pra caminhar e o vento é tão gelado que é difícil respirar. É tudo ruim, com escalas ocasionais em ‘muito ruim’ e paradas mais longas do que devia em ‘uma merda’. E ainda assim, eu tô preso pelo dever nesse rincão desolado da fazenda do demônio que alguns insistem em chamar de ‘cidade’.
Diabos, eu odeio isso aqui... até falar daqui me irrita.
Nas poucas vezes que eu viajo, a única coisa que eu penso quando chego nessa desgraça de novo é...
... mil vezes maldita cidade.”

sábado, 14 de janeiro de 2012

Farewell

Essa música foi escolhida por um amigo meu de curta data que eu sequer conheço pessoalmente mas que, sim, eu já considero como um amigo. Passei grande parte do ano conversando e rindo e falando merda com o pessoal no skype e, sinceramente, foi uma das coisas que me fez segurar as pontas durante o ano passado inteiro. Pra iniciar as homenagens e agradecimentos aos meus amigos, começo com a música escolhida pelo André de Peder... Farewell, do Kamelot. Um abração André e obrigado por ter participado.

“Se eu apenas tivesse tido a chance de dizer adeus a algumas pessoas durante a minha vida.
Pra ser sincero, eu me arrependo de muita coisa. De ter seguido o meu legado de família, de ter arrastado algumas pessoas pra isso comigo. Não há nada, talvez, de que eu me arrependa mais do que dessas duas coisas. Não foi fácil, pra mim, entrar num mundo cheio de demônios e, sinceramente, eu tenho tantas marcas (físicas e mentais) devido a essa escolha que talvez nem Deus conseguiria curar a minha alma se ele tentasse.
Mas eu rezo por aqueles que eu amei.
Todos os dias, e é só por eles que eu rezo. Todas as pessoas que, indiretamente, entraram nesse buraco e não saíram. Todas as vezes que eu me deparei com os corpos sem vida daqueles que confiaram em mim. Não foram muitas, mas certamente não foram poucas: a culpa, no entanto, é infinita. E ela marca, como ferro quente. Se todas as vezes que eu tive “certeza do que estava fazendo”, eu parasse e percebesse que ninguém segura a verdade absoluta em suas mãos...
Eu não posso dizer que eu teria feito tudo diferente. Não, talvez eu não tivesse. Talvez eu tivesse cometido o mesmo erro, seguido a mesma linha de raciocínio. Mas se, de todas as vezes que isso aconteceu, eu tive conseguido mudar apenas uma delas... qualquer uma delas. Se em um momento eu percebesse que eu não sou a prova de falhas na hora de envolver os outros e que, por mais que meus planos me parecessem perfeitos, alguém acharia uma falha neles...
Se eu tivesse tido a chance de dizer adeus.”

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Warrior's Pride

Eu não sei COMO e nem QUEM fez isso, mas, de alguma forma, eu fui capturado.

Eu pensei em me destruir, confesso. Realmente pensei... até perceber que não mudaria nada. Eu li aqueles selos, cada um dos malditos milhares que colocaram na minha maldita "prisão". Eu não sei quem teria acesso à magia tão antiga a não ser Revés. Mas eu sei que não foi Revés quem fez isso, pelo menos não voluntariamente. Eu vou achar o infeliz que fez isso. E vou condenar ele pra toda a eternidade. Eu não tenho dúvidas disso.

Mas, antes, eu quero entender o que foi isso.

Uma entidade vestida com um manto caminha em minha direção. É um humano. Isso é inacreditável. Eu tenho milhares de anos de idade e ainda assim esse desgraçado me prendeu.

-Orgulho.- diz ele.

-Você mexeu com o Eterno errado.-respondi.

-Certamente, não. Teriam outros muito piores. Mas eu não pretendo mantê-lo preso para sempre.

-Você não conseguiria. Eu vou sair daqui.

-Não, não vai. Eu estudei esses selos durante centenas de anos. Você está preso.

-Centenas?

-Sim, centenas. Eu fui humano um dia: hoje sou muito mais que isso. Mas, Orgulho, o motivo pelo qual eu fui atrás de você é porque você me fascina. É um excelente combatente. Eu quero testar isso.

-O que diabos...

-Uma arena. Gladiadores. Você e outras entidades de igual poder. É pra isso que você está aqui. E é só assim que você vai sair.

Não gostei da ideia.

Realmente não gostei da ideia.

Blizzard on a Broken Mirror

Eu decidi que vou tentar uma coisa nova no blog. A partir de agora, eu vou escolher uma música não só como título da postagem, mas também como tema, e vou tentar usar frases da música quando for possível, sempre tentando manter a história com sentido. A música estará no título da postagem.

"O espelho quebrado na minha frente me relembra da minha infância. Eu costumava olhar pro espelho que tinha no meu quarto e fingir que existia um reino atrás, um reino meu. Era meu mecanismo de escape quando eu era novo, pra fugir de todo o horror que cercava a minha família. Era a forma de eu manter a minha inocência.

Inocência essa que eu perdi. Agora, eu olho pra esse espelho e tento enxergar meu reino... tento ver um reino em um espelho quebrado. Mas que coisa idiota: é lógico que não tem como.

Eu vou até a janela da casa que eu tô e olho pra baixo. É alto aqui, deve ser o nono ou décimo andar. O demônio que eu acabei de exorcizar tinha escolhido uma bela moradia. Não posso ficar muito tempo, mas tudo isso é tão reconfortante. E o espelho quebrado... tantas memórias...

A nevasca lá fora intensifica. Eu enxergo cada vez menos daquelas ruas. Olho de novo pro espelho e agora ele reflete a nevasca. Nevasca naquele espelho quebrado, nevasca no reino dos meus sonhos... É tão triste. A neve dá uma impressão de isolamento. Saio daquela casa, sigo meu caminho.

E como se nunca tivesse vindo aqui, vou-me embora... ninguém nunca se importará, porque ninguém nunca vai saber o que ninguém nunca viu.


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

End of the Road

"Está chegando. Todos podem sentir.

Pelo menos aqueles que conhecem um pouco. Aqueles que falam a língua dos espíritos, ou dos demônios. É dito em sussurros, ninguém realmente quer chamar a atenção. Mas é dito, e o vento carrega essas palavras. "O fim".

Encho meu copo de whiskey. Tomo um gole, talvez dois. Um cigarro percorre meus dedos como se eu brincasse com uma moeda. Nunca é tarde para mudar de vida: eu posso me mudar pro Alaska e esquecer disso tudo. Logicamente eu posso.

Mas eu não vou.

A espingarda calibre 12 em meu colo não é um brinquedo: é a minha vida, é dela que eu dependo. Dela, de meus dois revólveres, minhas quatro pistolas, minha coleção de facas, as duas espadas e o resto de minhas armas. E as correntes. Ah, as correntes. Malditas correntes.

Meu apartamento de um quarto mal localizado e meu Del Rey velho e podre, mantido funcionando mal e porcamente pelo vínculo quase sobrenatural que eu tenho com aquela porcaria, são as únicas coisas que eu tenho além do meu emprego fajuto que eu uso como desculpa pra ter acesso a todo o tipo de quinquilharia que eu preciso pra manter os demônios longe de mim. Nem sempre funciona, mas foda-se. Eu tenho que carregar o fardo da minha família. Às vezes eu penso em mandar tudo se foder, mas daí eu vejo que se tudo se foder, eu me fodo junto. E isso não me agrada.

Sei lá, isso tudo é uma merda. Merda de cidade.

Merda de mundo.

E merda de corrente."

-Do diário de Ivan Della Rey.