terça-feira, 10 de janeiro de 2012

End of the Road

"Está chegando. Todos podem sentir.

Pelo menos aqueles que conhecem um pouco. Aqueles que falam a língua dos espíritos, ou dos demônios. É dito em sussurros, ninguém realmente quer chamar a atenção. Mas é dito, e o vento carrega essas palavras. "O fim".

Encho meu copo de whiskey. Tomo um gole, talvez dois. Um cigarro percorre meus dedos como se eu brincasse com uma moeda. Nunca é tarde para mudar de vida: eu posso me mudar pro Alaska e esquecer disso tudo. Logicamente eu posso.

Mas eu não vou.

A espingarda calibre 12 em meu colo não é um brinquedo: é a minha vida, é dela que eu dependo. Dela, de meus dois revólveres, minhas quatro pistolas, minha coleção de facas, as duas espadas e o resto de minhas armas. E as correntes. Ah, as correntes. Malditas correntes.

Meu apartamento de um quarto mal localizado e meu Del Rey velho e podre, mantido funcionando mal e porcamente pelo vínculo quase sobrenatural que eu tenho com aquela porcaria, são as únicas coisas que eu tenho além do meu emprego fajuto que eu uso como desculpa pra ter acesso a todo o tipo de quinquilharia que eu preciso pra manter os demônios longe de mim. Nem sempre funciona, mas foda-se. Eu tenho que carregar o fardo da minha família. Às vezes eu penso em mandar tudo se foder, mas daí eu vejo que se tudo se foder, eu me fodo junto. E isso não me agrada.

Sei lá, isso tudo é uma merda. Merda de cidade.

Merda de mundo.

E merda de corrente."

-Do diário de Ivan Della Rey.


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