domingo, 25 de março de 2012

Lost and Damned

Eu sabia, desde que comecei a escrever essa série de postagens com base em músicas, que eventualmente eu iria acabar escrevendo sobre essa música. Sem um pingo de modéstia, dedico essa postagem com uma de minhas músicas favoritas a mim mesmo.

"Cara irmã,

Escrevo-lhe essa carta porque não irei vê-la de novo. Helena, não chore... acredite em mim, eu faço isso por você.

Helena, eu lembro de você ter aparecido em minha vida quando ela tinha apenas começado. E mal sabia eu aonde isso tudo iria parar quando começou...

Eu era uma criança quando você nasceu e, mesmo naquela época, eu senti medo. Medo porque eu sabia como seria a sua vida - com sorte, menos pior que a minha. Sem sorte, você provavelmente não duraria dez anos. E foi com essa idade que eu deixei-a, pois eu sempre fui mais uma ameaça do que uma salvaguarda. Toda vida morre, especialmente ao meu redor. São as correntes da condenação que me amarram à essa tragédia que vivo. É a minha maldição.

A nossa maldição.

Não existe final feliz para nós, minha irmã. Mas seu filho... talvez ele não seja um Della Rey. Talvez ele tenha a sorte de nunca ouvir falar dessa família maldita, talvez ele tenha uma vida... normal. Eu farei o possível pra isso. Eu daria minha vida por isso. Mas não consegui salvá-los, e você sabia que eu não conseguiria. Quando você me chamou, você sabia que eu não conseguiria.

E mesmo assim, quando eu a vi de novo, você me abraçou forte. E, naquele momento, eu senti receio. Uma pequena pontada de medo, como nuvens discretas no céu limpo. E naquela noite, tudo veio abaixo e você sumiu. Portanto, tão logo eu resgate-a... eu quero que você faça o que já deveria ter feito.

Não pergunte porque.
Não se entristeça.
Às vezes temos que mudar os planos que fizemos.
Deixe-me para trás.
Não se arrependa.
Porque no fundo, você sabe...

E eu sei que você sabe...

Eu já estou perdido e condenado."

sexta-feira, 2 de março de 2012

Runaway Train

"Quando saí de minha casa, dei um adeus e parti com um bolso cheio de sonhos.

Sonhos horríveis e deturpados.

Mas, quando saí, pensei: 'essa estrada escura que eu trilho não me traz escapatória alguma'.

E diabos, eu estava certo. Mesmo com a presença de minha irmã, agora talvez ainda mais intensa do que nunca tinha sido, eu tenho certeza que escolhi o veneno errado. Essa vida não é para mim, ou para qualquer mortal. É dura demais, tem perdas demais e, principalmente, não traz recompensa alguma. Tolos são aqueles entre nós com a mente nobre e que, enquanto acham que fazem um trabalho comunitário, erguem suas barrigas obesas para a pobreza, achando que são reis em um mundo de diamantes.

Idiotas.

Como, COMO alguém pode justificar sua escolha quando acorda gritando? Como alguém pode fingir ser cego quando está enxergando toda a podridão que nos circunda?

Não. Não fazemos nada de bom. Perdemos tudo em nossa vida sem sequer termos um motivo, e para que? Para fingir que estamos cavalgando para um mundo de flores engraçadas? Eu já não aguento mais essa minha vida, sequer aguento minha dor. Faço de tudo para ficar longe de todos. Para não ter ninguém a minha volta.

É apenas uma parte da natureza humana tentar nos manter longe da dor.

Diabos, tudo que eu quero é um trem para fugir daqui."