quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Espadas

O chão do quarto estava coalhado de garrafas vazias, uma tentativa inútil de fazer com que as vozes parassem de assombrá-lo.

Lentamente, pegou uma garrafa do chão. Estava completamente sóbrio e sabia disso, ainda que desaprovasse a ideia. Urrou e então arremessou-a contra a parede. As vozes continuaram. Sussurros, gritos. Sua cabeça projetava tudo que pudesse deixá-lo triste. Mas ele deixou sua raiva aflorar. Urrou mais algumas vezes, como um animal ferido. Desferiu socos e pontapés contra as paredes. Jogou outras garrafas. Tentou fazer com que as paredes fossem as culpadas e então descarregou sua ira nelas. Mas todas as tentativas eram vãs quando o objetivo era livrar-se de tudo aquilo.

Levantou-se e então caminhou em direção à porta. Pegou sua jaqueta no caminho e vestiu-a.

As vozes cessaram

Era ela o gatilho de suas personalidades múltiplas, e ele sabia disso. O eu magoado e rancoroso dava lugar ao auto-controle, à mente clara e funcional de sua segunda personalidade, que se autoproclamava JoH.

Era hora de as coisas voltarem a ser como eram antes.
Ele ansiava por isso, precisava disso.

E, finalmente, ele tinha conseguido.

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