domingo, 8 de maio de 2011

Prólogo

No meio das sombras, abri meus olhos.

Eu conheço tudo isso. Toda a escuridão, toda a sombra. Talvez até mesmo todo o medo que um humano sentiria ao contemplar isso tudo. Quanto a isso, talvez eu nunca venha a saber. Humano eu nunca fui, e certamente nunca serei.

Era uma terra desolada, desprovida de vida e com pedaços de construções antigas aqui e ali. Era vasta. Parecia que tudo tinha sido destruído por alguma tempestade, algum desastre climático de proporções épicas. Era um mundo alternativo, completamente devastado. Bem diferente de como era na última vez que pisei nestas terras.

Uma ave cruzou os céus e então mergulhou em minha direção. Eu não me mexi, sequer, pois eu sabia o que, ou quem, era aquela ave. Apenas esperei que ela assumisse sua forma real. Sua forma era um manto que flutuava, completamente vazio por dentro.

-Tempos que eu não o via por estas terras.-disse o manto.

-Eu não costumo vir aqui... mas nunca pensei que pudesse estar tão destruída.-respondi.

O manto riu.

-Você abandonou esse local nas mãos de uma besta sem dó. Gigante como um planeta, ela devastou seus palácios e suas construções. Aqueles que aqui viviam, foram engolidos. Foi assim que você perdeu.

-Consigo entender suas palavras, criatura, mas ainda não acho que tenha perdido. Ainda tenho meu poder.

-Seu poder nada vale aqui.

-Não valeria... se não fosse a dádiva de Loucura. Meus olhos agora vêem além do que é possível para uma mente normal, e minha própria consciência mantém-se poderosa mesmo neste lugar desolado.

O manto ficou quieto por alguns segundos e então respondeu.

-Você está condenado, Orgulho. Nunca sairá daqui.

Encarei o que seria a cabeça do manto.

-Então espere, Consciência. Você me perderá de vista antes mesmo de perceber.

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