Olhei para eles dois.
-Vocês estão... humanos.-disse eu.-Não apenas em aparência, há uma alma aí dentro. O que diabos deu em vocês para saírem possuindo essas vestes como se vocês fossem... demônios?
Rafahel tomou a dianteira na resposta. Usava um corpo de altura mediana para um humano, corpo esguio. O cabelo era bastante curto e escuro, com olhos quase completamente brancos. Esse último detalhe era devido à possessão.
-As coisas mudaram, Azazel. Corpos humanos fazem nossa presença mais tolerável para a dimensão ao nosso redor. Não é a toa que o mundo está um caos. A sua presença é nociva para este planeta.
Respirei fundo.
-Sim, é. Agora me digam, meus irmãos mais novos, o que vocês estão fazendo aqui... e porque trouxeram uma corrente de Asmodeu?
Gabriel respondeu, dessa vez. Era um pouco mais baixo, mas o corpo também era mais forte. O cabelo era comprido, liso e escuro. O olhar era como o de Rafahel.
-Viemos prendê-lo, mas temos permissão para matá-lo, Azazel. Estamos armados para matá-lo e não nos orgulhamos disso. Não dificulte ainda mais as coisas.
Não consegui conter o riso.
-Hahahahaha. Inacreditável. Mandaram vocês dois?-olhei para cima, com um sorriso.-É sério? Isso é tudo?-suspiro.-Bom, vamos a isto.
-Azazel...-começou Rafahel.-Sentimos muito.
-Eu não sinto.-respondi.
Uma luta entre dois anjos é devastadora. Entre três, então, seria tranquilamente capaz de destruir meio continente se eu estivesse enfrentando os anjos certos. Mas não era o caso.
Rafahel era o mais fraco e, por isso, foi o primeiro. Trocamos socos e pontapés, mas as minhas habilidades de combate eram superiores. Atirei-o contra Gabriel e então golpeei de novo, com força. Ele tentou levar a luta para o ar, voando, mas segurei-o pela perna e então bati com seu corpo no chão. Alguns dentes caíram. Pisei em suas costas, saquei de volta minha lâmina e então atravessei seu coração.
A explosão de energia que emanou da morte do anjo arremessou Gabriel longe. Não tive dúvidas. Peguei a corrente de Asmodeu que estava em posse de Rafahel e, velozmente, prendi os dois braços de Gabriel. Para certificar-me de que ele não iria fugir, arranquei suas duas asas. O grito de agonia que ecoou de sua garganta rachou o chão ao meio em diversos pontos.
-Certo. Agora você está amarrado com uma corrente que somente quem utilizou-a pode soltar. Está sem asas e sem poder nenhum. Agora, meu irmão mais novo, você vem comigo.
-Para onde?- perguntou o anjo, entre gemidos de dor.
-Vou fazer o que qualquer pai honrado deveria fazer: vou levar o homem que matou Morte ao irmão dele, Guerra.
Gabriel me olhou com desprezo.
-Eu não matei Morte, Azazel.
Olhei-o de volta, com pena.
-Tente convencer Guerra disso.
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