domingo, 31 de outubro de 2010

Leaves' Symphony II: The Play of The Leaves

A criação da Legião dos Eternos era planejada por um Eterno chamado Fanatismo. Era, logicamente, muito enfático em suas participações na nossa "sociedade". Digo "sociedade" pois ninguém de nós realmente dava bola para a decisão dos outros, pelo menos até alguém sugerir uma união entre todos. Era uma chance mestra: indiretamente, aquele que sugerisse se tornaria um tipo de líder entre a Terceira Estirpe. É como ser Deus ou Lucifer. Se eu visse a chance, teria feito isso. A justificativa era válida: éramos a única Estirpe não unificada.

Mas não era esse o motivo, logicamente. Fanatismo queria hierarquizar os Eternos e, logicamente, ele ficaria no topo. Ele queria que a Legião tivesse leis restritas e punições severas. Alguns concordavam: éramos um povo sem-lei, o caos iria nos consumir. Mas o principal fator mesmo era que Fanatismo era caçado por metade do mundo. Ter uma Legião em seu encalço iria segurar a situação para ele.

Lógico que quem iria se ferrar nessa situação, eram todos os outros Eternos.
E isso me incluía.

E quando você tenta colocar uma sela em alguém cujo nome é Orgulho, o resultado é no mínimo interessante.

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Éramos poucos e estávamos sob ataque constante. Estávamos lutando pelas nossas existências; e estávamos perdendo.

Enfrentar um anjo não é a coisa mais fácil que existe. Eles são poderosos, impiedosos e resistentes. Não importa o quanto você bate; eles sempre duram mais do que você espera. Arranque suas asas, chute suas faces, impale-os. Aquelas pragas não morrem fácil. O grande problema deles, e que se não fosse isso, eles estariam governando o mundo, é que eles não são criativos. São sempre aqueles golpes clássicos, visando seus pontos vitais. Sem improvisações, sem golpes criativos. Sem graça. Numa batalha como essa, criatividade é 50%.

Eu estava tranquilo. Não reconheci nenhum anjo poderoso ou particularmente notável. Era apenas "joaoninguém-el", "idiotel" e "estupidel". El, el, el. Para mim, todos que não se destacavam eram iguais. E todos que passassem na minha frente teriam o mesmo destino.

Minha única preocupação era com a única criatura com quem eu podia contar. Um Eterno poderoso, mas muito visado pelos adversários. Nós éramos íntimos, talvez o suficiente para os outros pensarem que tínhamos uma relação extra-curricular. Minha boa e velha amiga, a...

-Esperança!-berrei, ao vê-la sendo atacada por cinco anjos.

Corri em sua direção, Lâmina em punho. Cortei dois dos cinco antes que eles notassem o que estava acontecendo. Não sei como deve ser a morte em uma vida eterna. Não espero descobrir.

Eu e Esperança juntamos nossas costas. Era a defesa perfeita: ela era meu escudo e eu era o dela. Nossas Lâminas foram brandidas juntas durante um tempo incontável. E então as trombetas anunciaram a retirada das pombas.

Hoje a noite, aqui na selva, quem dorme são os Eternos.

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