Eu, Fúria e Revés seguimos o caminho até o templo onde habitava meu trunfo nessa luta.
A indiscreta visão de uma montanha voando chocou a todos. Seguimos, indiferentes. Era esse o efeito que eu queria para aquela cena. Algo épico, fantástico.
Encontrei meu aliado sentado, ao lado de uma conhecida moça que, ao me ver, desapareceu.
-Você espantou minha companhia, Orgulho. Posso chamá-lo assim, ainda que não mais o sejas?-perguntou ele.
-Pode. Mas eu não espantei ninguém. A Felicidade nunca gostou de estar próxima a mim.-respondi e então ajoelhei-me. Ele sabia o quanto aquilo significava para mim, mas ele é a única entidade que reconheço como superior.
-Erga-te, Orgulho. Não gosto que faças isso.-disse ele.
-Permita-me, Conhecimento. Preciso de vossa ajuda.-respondi.-Parte de mim foi arrancada e somente vós podeis enfrentar o Desespero que a cerca. Peço que o faças, em nome de nossa antiga amizade.
Ele caminhou até mim.
-Tu podes sentir onde está a outra parte de ti, Orgulho. Recuso-me a chamar-te por tua atual alcunha, pois sei quem ainda és e nunca deixaste de ser. Agora concentra-te. Encontre a ti mesmo e então ajudar-te-ei a enfrentar Desespero.
Fechei meus olhos. Concentrei-me.
As seguintes palavras ecoaram em minha mente.
"Vai-se por mim à cidade dolente
Vai-se por mim à eterna dor
Vai-se por mim entre a perdida gente
A Justiça moveu meu alto feitor
Cumpriram-me poderes divinais
A suma sapiência, o primo amor
Antes de mim, não foi criado jamais
o que não fosse eterno - e eterno eu perduro
Deixai toda a esperança, vós que entrais"
Um sorriso cínico correu meus lábios.
De volta para o Inferno.
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