A batalha encarniçada tinha começado, uma batalha que eu não sabia se venceria.
Atacávamos um ao outro como lobos, ursos, serpentes e qualquer outra fera da Terra. Nossas Lâminas Eternas ansiavam pelo sangue. Essa era a única mácula das armas dos Eternos.
Elas sempre ansiavam pela batalha.
A lâmina da Esperança era em forma de sabre, mais afiado do que qualquer coisa, pois quando a esperança toca em algo, ela arrebata. O simples toque de sua arma seria capaz de me derrubar. Mas ignoro isso. Acumulei raiva e desprezo por ela durante toda a existência do universo. E agora ela ousava mexer com um de meus irmãos.
Minha lâmina é irregular, como se a fosse a sombra bruxuleante criada pela luz de uma vela. Era afiadíssima, também, porque as sombras conquistam tudo em que encostam.
-Você é estúpido, Orgulho. Eu serei a última a morrer dentre os Eternos. Você sabe que eu existo enquanto meu aspecto existir.
Fiquei quieto. Eu estava encharcado em sangue, destruído. Mas ainda não derrotado.
Ataquei com toda a fúria que eu tinha guardado.
-Então quero vê-la daqui mil anos, sua idiota. Ninguém precisa de você enquanto o Orgulho puder mantê-lo caminhando.-disse eu, com a Lâmina atravessando o coração dela.
A Morte de um Eterno abala as fundações do Universo. Um jorro de luz seguido de uma onda de choque emanou do cadáver da Esperança. O parque de sequoias gigantes desabou sobre mim.
Faltava força para arrancar as árvores de cima de mim. Eu sentia que a Esperança estava certa: ela ainda não estava morta. Mas pensaria duas vezes antes de aparecer de novo. A Lâmina de Revés estava em minha mão esquerda. Mas não mudaria nada.
Ouvi árvores sendo atiradas longe e o peso sobre mim diminuiu.
Um rosto conhecido apareceu dentre as copas misturadas das árvores.
-Pureza... achei que tivesse me esquecido.
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