-Senti seu aspecto enfraquecendo. Vim ajudá-lo, mas cheguei tarde.-respondeu ela.
As árvores saíam de cima de meu corpo e eu me sentia recarregado. Os cortes fechavam-se conforme eu ia me levantando, mas as cicatrizes ficavam.
As marcas sempre ficam.
-Ainda não entendo porque você faz isso, Senhor das Sombras.-disse ela, com uma voz de violino.- O que tanto você tem contra a Esperança?
-Tudo que eu poderia ter contra alguém desprezível como ela.-disse eu, guardando a lâmina de Revés.-Consegui de volta o que eu queria.
-Você subestima a força dos outros aspectos, Senhor das Sombras. Não existem somente sombras no mundo.
Olhei fundo para os olhos dela. Eles brilhavam com inocência.
-Pureza, o que vossos olhos não veem é a sombras que são reveladas na noite, sob o brilho das estrelas. A luz que emana de ti apaga os tons de cinza e reflete de forma diferente nas diferentes coisas, mas a verdade é que o mundo é em preto e branco. E, portanto, é feito de diferentes tonalidades de cinza. As cores são uma forma apenas de tornar menos desagradável o que existe ao nosso redor.
Ela me encarou, com uma nítida confusão no olhar.
-Como você pode aguentar sua existência?-perguntou ela.
-Eu não aguento, mas não tenho outra opção. Alguns Eternos precisam de mim.-disse eu.-E nesse momento, Revés é um deles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário