Eu, Revés e Augustus caminhamos durante um bom tempo até encontrarmos a entrada para o plano de Fome. Era um deserto do pior tipo possível, e eu percebi que Augustus estava visivelmente desgastado. Revés proferiu algumas palavras e então o humano recuperou-se.
-Agora você consegue curá-los?-perguntei, espantado.
-Curar... é, vamos dizer que sim.
Pude ver, no entanto, alguns ferimentos se fechando no próprio Revés. Interessante, ele agora consegue fazer alterações nos destinos dos indivíduos. Meu irmão tinha tornado-se imensamente poderoso e eu sequer tinha percebido. Talvez eu devesse ser ainda mais grato por tê-lo ao meu lado, mas agora não era hora para sentimentalismos.
Agora era de encerrar a influência de mais um dos Quatro.
As mãos de Revés fizeram alguns desenhos no ar enquanto o sol do deserto castigava Augustus. O Senhor dos Corvos terminou sua magia, mas nada aconteceu. De súbito, pudemos ouvir um uivo. Lembrei-me da invocação que usávamos para convocar os cavaleiros:
"E no leste, ecoa e some
O uivo mórbido da Fome"
Ele estava aqui.
Então eu finalmente percebi o que se passava. Fome nunca foi preso em outro plano, ele simplesmente disfarçou-se nesse. E o disfarce foi tão perfeito que ninguém percebeu. Fome não estava no deserto.
Ele era o deserto.
-FOME! TRAGO-LHE SEU SACRIFÍCIO!-berrei. Então olhei para Augustus.-É chegada a hora.
Minha Lâmina cravou-se no peito do mortal, e então seu sangue verteu. No entanto, tão logo ele encostava na areia, ele desaparecia.
Fome estava faminta.
E pelo visto, aquilo era só um aperitivo.
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