segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Where monsters fear to tread...

Alguns desejam viver para sempre, mas a verdade é que isso pode ser bem tedioso. Veja o caso do anjo Phael, por exemplo.

Phael é um anjo antigo, líder da falange responsável por guardar a Prisão dos Céus. Ali, ficavam as criaturas que eram profanas, e perigosas, demais para continuarem livres. Phael era um anjo rígido e muito respeitado, e muito prestativo. Sempre recebia com um sorriso os novatos da falange e cuidava para que os prisioneiros não fossem (muito) maltratados. Ele tem um ofício, que durará a eternidade. Ele é um bom anjo, e vai ficar para sempre no seu cargo.

Agora veja, por exemplo, um de seus presidiários. Ele era culpado por... ter nascido. Era essa sua sentença: ele era uma cria proibida e, portanto, deveria ser punido. Ele não escolheu nascer daquele jeito, mas alguém tinha que pagar e seus pais já tinham sido colhidos pelo tempo. Então, sobrava pra ele. Ele nunca foi problemático, e Phael esforçava-se para reconhecer isso: por mais que aquela aberração não merecesse viver, ele não tinha culpa. Phael e seu prisioneiro passariam a eternidade juntos, assim como vários dos outros prisioneiros.

Isso parece uma vida bem tediosa.

A verdade é que já estavam todos de saco cheio, incluindo a própria falange. Volta e meia uma incursão mal-sucedida de demônios trazia alegria para aqueles guerreiros, que podiam sentir o gosto da batalha para fazer desaparecer o tédio de suas existências. Fora isso, era uma vida pacata.

Quando as trombetas soaram, vários anjos sorriram. Eles correram para seus postos, empunharam suas armas e então entraram em suas formações de combate. Alguns voaram, outros se mantiveram em terra. Suas armas ansiavam por aquele sangue.

Mas havia alguém que ansiava mais.

A eternidade era tediosa.

A eternidade ia acabar.

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