Estranho.
Eu sacrifiquei muita coisa para eliminar os Quatro Cavaleiros. Arrisquei minha existência, a de Revés, perambulei por caminhos que pouquíssimas entidades puseram os pés em toda a existência. E agora, quando eu estava tão perto de meu objetivo, eu não vi mais motivo para fazê-lo. Morte não é e nem nunca foi o problema.
O que significa que os Cavaleiros também não eram e que minha missão foi em vão.
E isso requer algumas respostas.
Minha lembrança era clara: os Cavaleiros eram os responsáveis por liderar os exércitos que destruiriam a tudo e a todos. Pude ver os rostos de Eternos, anjos e demônios sendo esmagados sob seus cascos. Matá-los traria paz ao mundo... Morte não estava blefando, eu pude sentir. Os outros três me desafiaram, mas Morte simplesmente se entregou. Era quase como se eu o estivesse libertando de seu propósito.
Minha mente voava, a dádiva de Loucura tentando formar uma linha de raciocínio por trás daquele oceano de informações que eu tinha acabado de receber. Não existia nenhum sentido naquilo, e o destino precisa de uma lógica. O destino é um curso, e todo curso é formado por infinitos pontos.
O Destino me devia respostas.
-Revés, existe algo que eu preciso fazer. Suponho que você também tenha seus afazeres.
-Sim, tenho. Nos veremos no futuro próximo?
-Provavelmente.
Revés desapareceu.
-Não posso vê-lo, mas sei que você está aqui. Não posso ouvi-lo, mas sinto a sua presença. Minha mente é capaz de percorrer caminhos absurdos, Destino, mas somente você pode me explicar o que aconteceu.-falei, em voz alta.
Passos.
-Sim, eu posso. A questão é: farei?-respondeu Destino.
-Não há mais nada em jogo. Se minhas ações não mudaram o curso do mundo, então o Mar do Destino não contém a verdade.
-O Mar do Destino contém muitas coisas, Orgulho, mas não tudo. As respostas que jazem lá não são absolutas. O destino não é um mar, o destino é uma descarga elétrica: pode-se estimar o ponto de partida e o ponto de chegada, mas não se pode prever o caminho. Os humanos perceberam algo que muitos de nós falham em perceber: segundo eles, você pode estimar a velocidade OU a posição de uma partícula, mas não ambos. Você pode conhecer o destino ou fazê-lo, mas você não pode tentar concretizar o Destino que viu.
-Então foi em vão, o que eu fiz? Tudo que eu dediquei, as entidades que destruí, as forças contra as quais me coloquei?
-Não, não foi em vão. Mas a verdade é que você não era uma peça do Apocalipse. Você interveio, e sua intervenção foi poderosíssima. Mas ela não foi derradeira. A grande guerra ainda irá acontecer.
Inacreditável. Eu já fui derrotado muitas vezes, mas nada poderia ser pior que aquilo. Nada feriu tanto o meu orgulho.
-Essa foi a última de suas perguntas?
-Não. A última é: porque você veio respondê-las?
-Porque o Destino sempre lhe dá as ferramentas que você precisa para tomar as suas decisões.
Minha decisão está tomada.
Eu não irei interferir de novo... até que chegue o fim dos dias.
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