E lá estava eu de novo, asas abertas em direção ao Inferno. Eu precisava de alguém de lá, a única coisa suficientemente poderosa e tão acessível.
Há milhares de anos atrás, a cisão entre os anjos custou muito ao Paraíso. Os maiores custos foram: a queda de Lucifer... e o aprisionamento do antigo Príncipe dos Querubins, Raziel.
Lucifer foi cruel. Ele arrancou as asas do próprio irmão mais novo e então levou-o ao Inferno. Raziel nunca aceitou juntar-se ao irmão traidor e, como punição, é mantido nas Areias Infinitas, uma região prisional anexa ao Inferno e que, aparentemente, tem fim onde começa. Ninguém consegue entrar sem abrir a porta e ninguém consegue sair depois que ela fecha. O funcionamento é simples: abra a porta e entre. Consiga o que quiser e então volte. Se voltar a tempo, desfrute de sua conquista.
Se não, você terá a eternidade para lamentar.
Encarei os portões do Inferno e então abri-os. O guardião das chaves veio questionar-me.
-Então, o que traz você de vol...-começou ele, mas foi interrompido.
-Eu resolvo isso.-disse o próprio Lucifer.-Orgulho. Pensei que eu tivesse expulsado-o de minhas Terras e proibido seu retorno a elas.
-Lucifer.-disse eu, formalmente.-Meu objetivo aqui é outro. Eu vim buscar alguém nas Areias.
Lucifer sorriu.
-Nesse caso, e somente porque sei que não retornarás a tempo, deixo-o livre. Guardião, conduza-o até a prisão. E faça questão de me chamar quando ele tiver falhado. Quero ver Orgulho em desgraça.
-Não o culpo, Lucifer, mas lamento muito por isso.
O Guardião conduziu-me às portas da prisão e abriu-as. Eu sabia o que encontraria depois daquelas portas.
Nada. Somente areia.
-Aquele que você procura está aqui?-perguntou o Guardião.
-Já posso sentir sua presença.-respondi.
Raziel, não se preocupe.
A libertação finalmente chegou para você.
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