terça-feira, 16 de novembro de 2010

DESCALABRO SPIN-OFF: "Crescendos e Diminuendos"

Revés e Felicidade deixaram o recinto. Era eu contra uma das piores coisas que eu iria enfrentar em minha existência. Mas tudo bem, era uma missão simples.

Sair vivo.

Meu poder divino estava ainda esvaindo. Decidi aproveitá-lo enquanto era possível. Investi contra a criatura, Lâmina em punho, e golpeei-a com violência. Meus braços, porém, encontraram apenas o ar. O monstro esquivou-se e direcionou sua lança ao meu peito, mas somente sombras foram acertadas. Eu já estava longe.

-Você não é meu alvo, Orgulho. Desapareça da minha frente ou eu farei você se arrepender.-disse Scarecrow, com uma voz rouca.

-O que você espera? Que eu limpe o caminho? Eu perdi tudo... tudo. Os resquícios da Legião são tudo que sobrou. E agora você ameaça eles. Eu posso não ser capaz de destruí-lo... mas talvez eu seja capaz de enfrentá-lo.-respondi.

-Sua divindade não irá durar para sempre... ela está se esvaindo.-respondeu o monstro.

-Eu, na realidade, estou contando com isso.-repliquei.

A lança sombria de Scarecrow deixou suas mãos e percorreu o ar quase tão rápido quanto eu poderia vê-la. Com um salto, deixei a trajetória da arma e então aterrisei com os dois pés na cara do monstro. Aproveitei o impacto para pegar impulso e saltar para longe.

Mas uma mão segurou minha perna.

A besta atirou-me do lado oposto ao que tinha arremessado a lança. Colidi fortemente com a parede e, por um momento, senti que o fluxo de energia estava diminuindo. Eu estava voltando ao normal, e rápido.

Hora de ser idiota.

Corri contra a criatura, que correu em minha direção. Exatamente como eu queria. No exato momento em que nossos corpos deveriam ter colidido, somente um manto de sombras entrou em contato com o monstro. Teletransportei-me para sua lança, arranquei-a da parede e então libertei uma última emanação grotesca de energia que derrubou o castelo de Felicidade sobre as nossas cabeças. Segurei firmemente a arma, enquanto a criatura tentava inverter sua investida.

Tentou em vão.

-Revés...-disse eu, engasgado com meu próprio sangue.-Essa dívida é maior do que eu imaginava.

-Talvez eu possa ajudá-lo com isso, Orgulho.-disse uma voz, surgindo do nada.-Afinal de contas, Revés pode ser seu irmão... mas também é meu filho. E eu agradeço o que fizeste por ele.

Ri enlouquecidamente quando ouvi aquela voz. A gargalhada de alguém que encontra consolo no desespero, triunfo na desgraça. Uma mão forte segurou meu braço e então puxou-me dos escombros.

-Vamos embora rápido, antes que ele levante. Deixe essa arma aí.-disse o dono da voz.-Você está um bagaço.

-Adoraria que sua intervenção tivesse vindo antes, meu bom e velho amigo Caos.-respondi, com um sorriso de incredulidade.

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