-ORGULHO!-berrou Lucifer, enfurecido.-VOCÊ OUSA DESAFIAR AS REGRAS EM MINHA CASA!!!
-Não seja tolo, Lucifer.-respondi.-Eu jamais desafiei regra nenhuma. Sabes muito bem que, uma vez fechada, se eu estiver inteiramente atrás da porta, jamais poderei passar por ela. No entanto, essa Lâmina é tão parte de mim quanto meu braço. E ela atravessou a porta. Então, cá estou. Eu e seu irmão.
-Raziel. Muito bem, Orgulho. Você sobreviveu... à primeira parte. Não esqueceu do resto, esqueceu?
Moderei minha expressão facial para não dar a Lucifer a satisfação, mas sim, eu tinha esquecido. Buscar alguém no Inferno é como entrar em um presídio sem guardas. Você entra e abre a cela que quiser, mas, no momento em que faz isso, você dá direito a todos os policias do país lhe prenderem. Agora imagine que "prender" significa matar, "policiais" significa "demônios" e "país" significa "Inferno". Ah, com dois adicionais: primeiro, todos REALMENTE querem pegar você.
Segundo, todos sabem onde você está. Exatamente.
-Não posso intervir diretamente... mas você sabe o quanto eu quero que você falhe.-disse ele.
-Não se preocupe, Lucifer. Eu não irei falhar.
-Um dia eu vou assistir a sua queda, Orgulho.
-Seria justo, já que eu assisti à sua.
O rosto de Lucifer contorceu-se de ódio.
-Não tenho mais tempo a perder. Vamos, Raziel.
Coloquei o anjo nas minhas costas e então saquei minha Lâmina. Eu vi, ao longe, incontáveis sombras vindo na minha direção. Sentia o calor da raiva emanando de Lucifer. Ele não podia intervir diretamente, mas eu entendi instantaneamente o que ele fez.
Ele ofereceu minha "alma" como recompensa pela minha captura.
Bom, decidi fazer valer a pena.
Minhas asas abriram-se e então voei na direção dos portões. Assistir uma perseguição dessas é como assistir um tubarão ser perseguido por dois bilhões de piranhas. Ok, o tubarão é maior.
Mas são dois bilhões.
-Raziel. Você está livre. Eu vou precisar que use pelo menos alguns de seus poderes.-disse eu.
-Não sei se consigo...
Ótimo. Eu carregava como peso morto um dos 7 maiores anjos da história do universo.
Voei o mais rápido que pude, enquanto as sombras se aproximavam de mim. Minha Lâmina começou a chamar-me para o combate. Eu queria, mas seria uma vitória impossível. Os primeiros demônios chegaram até mim, mas enquanto o enxame não chegasse, eu estava salvo. Decidi usar eles como exemplo para alguns dos outros.
Com uma investida lateral, usei minha lâmina para cortar a asa direita do primeiro. Outros dois mergulharam em minha direção, mas as suas próprias sombras os cegaram e então, eles colidiram. Um quarto ainda tentou golpear meu pescoço, mas eu consegui escapar do ataque e então cortar seu longo pescoço.
E então chegaram os primeiros pequenos enxames. E minha paciência acabou.
Usando as sombras ao redor, eu criei uma gigantesca onda de choque. As sombras solidificaram-se, colidiram contra os enxames e então explodiram em milhares de "mini-rochas feitas de sombra". O enxame que estava próximo diminuiu. No grande enxame, não mudou nada. Mas aquilo consumiu demais de mim. Eu não seria capaz de fazer de novo.
Minhas asas aceleraram o voo e eu finalmente enxerguei ao longe os portões. O enxame ainda me perseguia, mas agora eu poderia livrar-me deles... se estivesse disposto a me arriscar. Até o momento, eu não estava. Mas a coisa ficou feia.
Pesadelos.
Sim, os malditos cavalos com as patas em chamas. Os desgraçados correm mais do que qualquer coisa que eu já vi na vida (e minha vida é longa). Decidi descer até próximo do chão. Sobre eles, Algozes, aqueles que o inferno manda quando a coisa fica difícil. Eu estou ferrado. Mas vou dar trabalho.
Arremessei minha Lâmina em um Algoz, que cravou no escudo posto em frente pelo demônio. Era exatamente o que eu queria que ele fizesse. Teletransportei-me até a Lâmina, arranquei-a do escudo e então cravei na cabeça do Abissal. Um a menos.
Assumi as rédeas do Pesadelo. Sim, eles são poderosos, mas não são muito inteligentes e nem dão bola para seu cavaleiro.
-Corra mais que os outros ou eu irei degolá-lo e drenar sua energia para que não sobre nada de você. Nunca mais.
Pesadelos são de elite. E, pra elite, missão dada é missão cumprida.
Tão logo fechei os Portões do Inferno, decidi apropriar-me do tal Pesadelo.
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