domingo, 14 de novembro de 2010

Deathmarks IX: No Pain for the Dead

-Eu, Orgulho.-disse ele, com um sorriso irônico.

Inúmeras perguntas percorreram minha mente, todas querendo ser feitas de uma vez só. A única que saiu foi...

-Como?-perguntei.

Dor sorriu e ergueu-se.

-Você, Orgulho. Você me deu esse presente. Você criou esse reino ao matar Esperança... o Anátema que veio até aqui era poderoso, mas eu fui mais. Eu o prendi. Metade de seu poder ficou comigo e a outra metade ficou na jaula. E então você me faz mais um favor.

Tremi de raiva.

-Perseverança. Você trancou o Anátema dentro dela e então soltou-a contra mim. Você sabia que eu iria matá-la.-respondi.

-Não. Eu achei que ela fosse matar você. Mas o fato de você estar matando todos esses Eternos trouxe mais alguém para meu lado. Você imagina quem.- disse Dor, com um sorriso cínico no rosto.-Quando eu soube que Guerra esteve atrás de você, foi como degustar a perda de um jovem promissor. Que sorvo! Alguém finalmente iria completar a lição que eu queria dar em você.

Ele estava revelando que, basicamente, tudo que fiz foi para levar-me até aquele ponto. O desgraçado, de alguma forma, conseguiu aproveitar-se das situações que eu criava de uma forma tão magistral que, mesmo agora, que eu sou um deus, ele me derrotou.

De novo.

-Ora, sorria Orgulho! Cadê suas palavras ásperas, suas ofensas ferinas? Você minguou perante tão sórdida obra minha? Será que eu toquei na ferida?-disse ele e, com um tom ainda maior de sadismo na voz, completou.- Será que eu feri o seu orgulho?

Sem reação. Minhas mão direita buscou minha Lâmina e então segurou-a com firmeza.

-Você perdeu, Orgulho. Você perdeu a Legião, você perdeu Perseverança... tudo que você perdeu: fui eu quem tirou de você. Xeque-mate.-disse ele.

Meus olhos o encararam.

-Dor. Sim, talvez você tenha vencido a guerra. Mas essa última batalha, ah... essa última será minha.-disse eu.-Eu não posso matá-lo, mas posso puni-lo.

A promessa. Eu não poderia matá-lo, ainda mais agora que minha culpa tinha atingido seu ápice.

-Você não pode me matar porque lhe falta o poder, Eterno. Eu transcendi a condição de Eterno, deixei essa situação amaldiçoada para trás e agora tornei-me acima disso. Eu não sou mais o mesmo que você.

Um sorriso correu meus lábios pela primeira vez.

-Agora eu posso matá-lo.

Corri em sua direção, com a Lâmina em punho. Dor espalhou seus tentáculos para pegar-me, mas arranquei-os impiedosamente. Não me importava com o fato de que eles voltariam: eu só queria a cabeça daquele desgraçado. Ele golpeou-me inúmeras vezes, com força capaz de matar um anjo. Mas eu era mais que isso.

Lutei como tinha lutado poucas vezes, com um poder que nunca tinha tido. A terra ao nosso redor tremia de agonia: o medo emanava de onde estávamos. Mais de uma vez, as inúmeras Lâminas de Dor tentaram terminar minha existência, mas eu as desviava com uma devoção fanática. E então, aconteceu: durante um golpe precipitado, as Lâminas encontraram um alvo.

Mas já era tarde.

Senti minha Lâmina vibrar intensamente quando ela perfurou o pescoço de Dor.

-Não há dor para os mortos, Dor.-disse eu.-Você imagina como isso dever ser?

-Deve ser como a paz que você nunca vai encontrar, Orgulho.-disse ele.

Um feixe de luz surgiu da Lâmina e então o corpo de Dor explodiu. A explosão atirou-me a uma distância considerável e abriu uma cratera gigantesca no lugar da antiga Terra Desolada. Meus olhos demoraram a abrir-se e então, quando eles abriram, sentei-me no chão.

-Você venceu, Orgulho.-disse Guerra, atrás de mim.

-Não, Guerra... eu perdi.-respondi.

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