segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Lost and Found 3: Madness Caught Another Victim

-Permita-me fazer uma intervenção.-disse uma voz, razoavelmente próxima de mim.

Os seis outros pecados deram um passo para trás, mas um sorriso perpassou meu rosto. Aquela voz. Doce, suave, sedutora. Somente uma criatura no mundo tinha um chamado tão atraente.

Loucura.

-Sempre, minha "velha amiga". Fale suas palavras.-respondi.

-Orgulho, você não está pensando em...

-Cale a boca, Avareza. Você não sabe com quem está lidando.-respondi, rispidamente.

Loucura era uma mulher belíssima, com cabelos verdes e olhos de um profundo azul. Mesmo as asas e tentáculos não abalavam sua estonteante presença. Um toque dela era capaz de arrebatar até o mais poderoso dentre nós. Se essa fosse a vontade dela, logicamente.

-Orgulho.-disse ela, com um sorriso.-Você tem algo que eu quero.

-Tenho? E o que seria, minha doce companheira?

-Um behemoth.-disse ela.

Olhei com estranheza.

-Não, não tenho.

-Sim, meu querido, tem.-disse ela.-Ele está vindo encontrá-lo. Justiça colocou-o atrás de você. Ele é muito poderoso. Eu quero ele para mim. Preciso dele para minha coleção.

-Você não nos disse que tinha um Primordial caçando você, Orgulho.-disse Luxúria, em pânico.

-Eu não sabia, sua estúpida. Ou você acha que eu estaria aqui perdendo meu tempo.-respondi para ela.-Loucura, essa criatura não vai parar até um de nós estar morto. Não posso dá-lo para você. Eu preciso detê-lo.

-Uma pena. Fúria ficará realmente triste com você.

-Fúria? Onde ele está?

-Dentro do Behemoth.-disse ela, com um sorriso. Naquele momento, pude ver toda a insanidade fluir de seu corpo. Era uma força avassaladora. Todos caíram.

Menos eu.

-Salve Fúria e fique com o resto da criatura.-eu disse.

-Você tem um acordo, Orgulho.

Merda. Fazer um acordo com Lucifer era uma coisa, com Lil'siztah era outra coisa. Mas com Loucura, era demais. Ela poderia simplesmente decidir que não iria mais me ajudar. Mas eu não tinha outra escolha.

-Preciso de sua ajuda, Loucura.-disse eu.-Não posso fazer isso sozinho.

-Aproxime-se, querido.-disse ela.

Relutante, dei um passo em frente.

Rápida como um raio, Loucura segurou-me com seus tentáculos e então tocou minha testa com a sua mão. Gritei, me debati, mas nada fez ela me soltar. Senti minha mente sendo despedaçada em milhares de fragmentos menores, cada um deles auto-suficiente. Ouvi o Senhor das Sombras gritar quando ele próprio foi destruído. Senti infinitas coisas ao mesmo tempo.

Caí de joelhos no chão, com as duas mãos na cabeça. Nada fazia sentido, por enquanto. Eu pensava em inúmeras coisas e minha mente parecia incapaz de compreendê-las, mas aos poucos tudo começou a fazer sentido.

-A sanidade é boa, Orgulho, mas a loucura é uma bênção. Loucura é você pensar em tantas coisas ao mesmo tempo que nenhuma delas faz sentido em conjunto com as outras. Eu dou-lhe um presente: sua mente conseguirá pensar em inúmeras coisas ao mesmo tempo. Serás capaz de mergulhar no meio do absurdo e tirar dele tuas respostas. Pensarás no Universo todo ao mesmo tempo, compreenderá níveis de complexidade impossíveis para os outros. Dou-lhe essa clareza, mas levo, comigo, parte de tua mente.

Meus olhos abriram-se de novo e eu podia perceber tudo ao mesmo tempo. Sorri.

-Obrigado, Loucura.-disse eu.-O melhor dos presentes que já ganhei.

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