terça-feira, 2 de novembro de 2010

Leaves' Symphony IV: Sweet Leaf

Como o nome diz, nós Eternos duramos para sempre. No entanto, podemos "morrer".

A morte para nós é mais como um "coma". Nossa presença cessa, mas ainda resta a nossa essência. Ela vai se regenerando, aos poucos, até formar uma nova presença material. Quanto mais poderoso o Eterno, mais tempo ele demoraria para se regenerar, mas a velocidade de regeneração também varia com o poder, de forma que um Eterno fraco ainda regenerará mais rapidamente que um Eterno forte, mas a diferença de tempo não será muito grande.

Nós somos um caso único de "imortalidade" virtual. Anjos morrem, demônios morrem. Mas nós não. Isso, em parte, deve-se ao fato de que nós não somos capazes de criar outros da nossa espécie. Pelo menos não com a mesma facilidade que anjos e demônios. Somos entidades conceituais e somente a geração de um novo conceito poderoso o suficiente pode criar outro de nós. A única forma de cessar a regeneração de um eterno é a absorção de sua essência. Essa era uma das principais razões para a Legião querer abolir a prática: absorver um Eterno é absorver seu conceito e, portanto, a absorção de outra entidade torna o "devorador" significativamente mais poderoso. A intenção, em teoria, era evitar a diminuição de nossos números.

Na prática, Fanatismo queria se tornar um "devorador real". Alguém que tivesse a permissão e função de absorver os "condenados".

E era isso que eu, e um grupo escasso, estávamos tentando evitar.

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A morte de Esperança não foi discreta. Todos ficaram sabendo do ocorrido, o que significava que, entre outras coisas, meu esconderijo tinha sido descoberto. Eu não tinha a menor ideia da localização dos outros poucos membros da "resistência", exceto de um: Revés. Era hora de ir atrás dele.

Ou de chamar ele até mim.

Fiz um corte em minha mão e deixei meu sangue verter. Existem rituais que podemos executar que invocam instantaneamente um outro membro da estirpe, contanto que ele queira ser invocado, mas envolvem poderes além da nossa compreensão. Os 4 Cavaleiros do Apocalipse são entidades poderosíssimas, alheias aos acontecimentos terrenos, mas dispostas a ajudar aqueles que fazem o sacrifício correto. E o sangue de um Eterno é, sem dúvida, um ótimo sacrifício.

Comecei a recitar.

"Além dos ventos do Norte,
Onde no frio, reside a Morte.

Venha, do Sul, a Terra
Tal como a glória vem da Guerra

Que venham as nuvens do Oeste
E em sua soleira, tragam a Peste

E ao Leste, ecoa e some
O uivo mórbido da Fome.

Com dor, invoco os 4 Cavaleiros.
E ajoelho-me perante vossos pés
Se invocarem meu aliado, Revés."

A figura de um homem alto, magro e com asas de corvo apareceu em minha frente. Cartas de baralho e dados faziam parte de sua vestimenta, formando uma espécie de armadura. O conceito de "má sorte" era esquisito e Revés o incorporava muito bem. Inconstante, sim. Mas sempre leal.

-Orgulho.-disse ele.

-Revés.-respondi.-Eu sei de sua posição em
relação à Legião. Preciso de sua ajuda e você precisa da minha.

-Você é arrogante, Orgulho. O que o faz pensar que eu preciso da sua ajuda?

-O fato de que você é um dos poucos que ainda se opõe, e a Legião só será formada quando ela compreender todos os Eternos existentes no momento de sua criação. Mas, perdoe-me por perturbá-lo se você não precisa de ajuda. Apenas me dê nomes, então, Revés.

Revés ficou quieto.

-Eu aceito sua ajuda, Orgulho. Fúria, Mágoa, Inconsequência e Conhecimento também se opõe à Legião. Eu sei onde encontrá-los, apenas me acompanhe.

E, naquele momento, selou-se um destino.

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